Título: Saúde financeira da Espanha entra em xeque e deprime bolsas
Autor: Katzumata , Suzi
Fonte: Valor Econômico, 24/07/2012, Finanças, p. C2

Um alto grau de preocupações com a saúde financeira da Espanha e a percepção de que uma parcela do socorro para a Grécia poderia estar ameaçada empurraram os ativos para níveis recordes ontem. As bolsas desabaram ao redor do globo, enquanto os juros dos títulos espanhóis de dez anos deixaram para trás o já assustador nível de 7% e bateram a marca de 7,57% - o diferencial em relação aos papéis alemães de mesma maturidade foi a 642 pontos.

Na Europa, o índice Stoxx 600 caiu 2,49%, enquanto o Ibex-35, da Bolsa de Madri, fechou em baixa de 1,10%. Em Londres, o índice de ações FTSE 100 recuou 2,09%, para 5.533,87 pontos. O CAC 40, de Paris, teve queda de 2,89%, para 3.101,53 pontos. Em Frankfurt, o DAX caiu 3,18%, para 6.419,33 pontos.

Em Nova York, as bolsas o índice Dow Jones caiu 101,11 pontos (0,79%) e fechou com 12.721,46 pontos. O S&P-500 recuou 12,14 pontos (0,89%) e fechou com 1.350,52 pontos, enquanto o Nasdaq Composite caiu 35,15 pontos (1,20%) e fechou com 2.890,15 pontos.

O forte movimento de aversão ao risco derrubou as taxas de retorno dos títulos de dez anos do governo americano para nova mínima recorde de 1,396%, bem abaixo da marca anterior de 1,437% registrada em 1º de junho.

Ações e petróleo, por sua vez, retornaram às mínimas, refletindo o nervosismo dos investidores com as notícias de que a economia da Espanha provavelmente contraiu 0,4% no segundo trimestre em comparação com o primeiro, que outras seis regiões autônomas espanholas estariam prestes a pedir ajuda ao governo central para rolar a sua dívida e que o Fundo Monetário Internacional (FMI) pode deixar de proporcionar suporte financeiro à debilitada Grécia.

O medo de que a Espanha, e não apenas os bancos, tenha de pedir socorro cresceu. "Com todas as regiões se desmanchando, como você acha que o governo central vai se sair?", questionou o presidente da Platinum Partners, Uri Landesman, para quem o mercado está entendendo que "realmente há notícias ruins aí fora".

Para piorar, depois do fechamento em Nova York, a Moody"s rebaixou para negativa a perspectiva sobre as notas de crédito soberanos "AAA" da Alemanha, Holanda e Luxemburgo, citando a crescente incerteza relacionada à crise da dívida da zona do euro. Logo após o anúncio, o euro caiu para nova mínima em dois anos, para US$ 1,2116 na abertura dos negócios no mercado asiático.

"Qualquer sinal de fraqueza se espalhando da periferia para a Alemanha é um sinal vermelho", disse Mike Jones, estrategista de câmbio do BNZ na Nova Zelândia, à "Dow Jones Newswires".

No fim da tarde em Nova York, o euro era cotado a US$ 1,2117, de US$ 1,2155 na sexta-feira.

A acentuada queda das ações em resposta à sucessão de más notícias levou os órgãos reguladores da Espanha e da Itália a suspender as operações de vendas a descoberto em uma tentativa de conter a pressão de baixa sobre os ativos. No caso da Espanha, a proibição atinge todas as ações e vai vigorar por três meses. Na Itália, a medida abrange bancos e seguradoras e vai vigorar até o fim da semana.

No mercado de bônus, os rendimentos dos títulos do governo alemão de dois anos seguem em território negativo, de -0,07%, enquanto os rendimentos dos bônus de dois anos da Espanha dispararam para 6,5%. (Com Dow Jones Newswires)