Título: PMDB tenta definir posição unificada na disputa pela Câmara
Autor: Costa, Raymundo
Fonte: Valor Econômico, 08/01/2007, Política, p. A5

Numa semana decisiva para a definição do futuro presidente da Câmara, o PMDB faz amanhã, em reunião da bancada de deputados, o movimento mais importante: o partido planeja decidir uma posição entre as candidaturas de Aldo Rebelo (PC do B-SP), Arlindo Chinaglia (PT-SP) e a candidatura própria.

Os pemedebistas detém a maior bancada, com 89 deputados eleitos em 2006, e sua decisão pode fazer a balança pender para um ou outro lado ou embaralhar ainda mais jogo sucessório.

Isso pode ocorrer se o partido se decidir pela candidatura própria, a fim de ganhar mais tempo e cacife nas negociações para a composição do ministério, ou se mais uma vez adiar um pronunciamento definitivo, à espera de uma sinalização mais clara de Lula. O grupo que apoiou o governo no primeiro mandato está inclinado a optar pela reeleição de Aldo Rebelo, enquanto os neolulistas, como são chamados os que antes faziam oposição e agora negociam a adesão ao Planalto, tende a apoiar Chinaglia.

Caso optem pela candidatura própria, os pemedebistas poderão receber o apoio do grupo de deputados que tenta organizar uma "terceira via", liderados pelos deputados Raul Jungmann (PPS-PE) e Fernando Gabeira (PV-RJ). O grupo se reúne hoje em São Paulo para elaborar uma plataforma comum, em um encontro entre os dois organizadores e os deputados tucanos José Aníbal, Paulo Renato de Souza e Julio Semeghini, de São Paulo; e os deputados Luiza Erundina (PSB-SP), Raul Henry (PMDB-PE), Arnaldo Jardim (PPS-SP), Chico Alencar (P-SOL-RJ) e Ivan Valente (P-SOL-SP). Convidados para o encontro, os deputados petistas José Eduardo Martins Cardozo (SP) e Walter Pinheiro (BA) não devem participar. "Como o PT tem um candidato próprio à presidência, que é o Chinaglia, nossa participação neste encontro não faria sentido", disse Cardozo. A definição de uma candidatura alternativa esperará o resultado da reunião do PMDB.

"É preciso ter pragmatismo e não fazer uma clivagem entre governo e oposição. Se o PMDB apresentar um candidato que tope empunhar a bandeira da independência do Legislativo, poderemos apoiar", disse Jungmann.

Na hipótese do PMDB permanecer dividido entre Aldo e Chinaglia, uma terceira candidatura deverá ser apresentada por este grupo, na expectativa de levar a disputa pela presidência da Câmara ao segundo turno. "Nós vamos ser o fiel da balança, porque existem dissensões graves até mesmo dentro do PT", disse o parlamentar pernambucano.