Título: Com inflação e Selic, cai custo da dívida pública
Autor: Resende , Thiago
Fonte: Valor Econômico, 24/07/2012, Finanças, p. C14

O estoque da dívida pública federal subiu 2,53% em junho ante maio, e atingiu R$ 1,970 trilhão. No mês anterior, a dívida somava R$ 1,922 trilhão. Com a elevação, o estoque voltou para o intervalo definido como meta pelo Plano Anual de Financiamento (PAF), que estabeleceu a banda entre R$ 1,950 trilhão e R$ 2,050 trilhão para este ano.

Segundo o coordenador-geral de operações de dívida pública do Tesouro Nacional, Fernando Garrido, o estoque da dívida em julho, entretanto, deve recuar para um valor abaixo do limite mínimo da meta do PAF (R$ 1,950 trilhão). Isso porque há a previsão de que neste mês haja vencimento de R$ 140 bilhões em títulos públicos, sendo R$ 137 bilhões de papeis prefixados, explicou Garrido.

"Mas vamos voltar para a banda do PAF até dezembro", mesmo com o ritmo lento de emissão de títulos do Tesouro, garantiu ele. A dívida pública mobiliária federal interna (DPMFi) registrou um aumento de 2,65% no estoque entre maio e junho. Assim, alcançou R$ 1,881 trilhão, ante R$ 1,833 trilhão em maio.

Na divulgação do relatório mensal da dívida pública federal, ontem, Garrido informou ainda que "todos os papéis estão sendo vendidos com rendimento abaixo de 10% ao ano", num movimento impulsionado pelos sucessivos cortes na taxa básica de juros, a Selic, que indexa títulos pós-fixados, como a LFT, e baliza o rendimento de papéis prefixados. Dessa forma, a era dos títulos públicos com rendimento anual de dois dígitos (de 10% ou mais) está acabando.

Entre maio e junho, os títulos atrelados à Selic perderam peso na composição da dívida pública federal interna, recuando de 27,02%, em maio, para 24,47%, em junho. Segundo o Tesouro, essa queda foi basicamente provocada pela operação de troca de títulos para adequação da carteira do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

No mês passado, foram resgatados R$ 38,1 bilhões em LFTs e R$ 6 bilhões em LTNs (prefixados de curto prazo) do Fundo por papeis prefixados de prazo mais longo. Técnicos do Tesouro disseram que não há mais operações como essa para o governo induzir a redução da parcela de papéis indexados à Selic na dívida. A migração, agora, seria feita pelo próprio mercado e por uma menor rolagem das LFTs pelo Tesouro.

Ao citar como exemplo leilões recentes realizados pelo Tesouro, Garrido disse que os investidores estão "migrando" de papéis indexados à Selic, cujo rendimento é cadente, para títulos públicos indexados a índices de preços e com taxas de juros prefixadas.

A participação dos prefixados na dívida pública interna subiu para 40,59%, ante 39,24% em maio. A fatia de papéis atrelados a índices de preços avançou de 33,15% para 34,37% entre os dois meses.

Dados do relatório do Tesouro apontaram também que o custo médio da dívida pública interna acumulado em 12 meses registrou queda, passando de 12,05% ao ano, em maio, para 11,95% ao ano em junho. Segundo o Tesouro, isso foi possível graças à menor variação do IPCA e da taxa básica de juros, a Selic, em relação a junho do ano passado. Além disso, a participação dos estrangeiros na dívida interna caiu 12,26% para 12,24% entre maio e junho. O volume de títulos da DPMFi a vencer em até 12 meses aumentou de 28,23% para 28,73% no período.