Título: Embarques do campo em alta em 2007
Autor: Zanatta, Mauro
Fonte: Valor Econômico, 08/01/2007, Agronegócios, p. B10

Sustentadas pela recuperação dos preços das commodities e pela tendência de elevação no consumo mundial de álcool e de carnes, as exportações do agronegócio devem bater um novo recorde em 2007, com um crescimento estimado entre 10% e 15%.

O Ministério da Agricultura prevê vendas totais ao exterior de até US$ 56,8 bilhões neste ano. Em 2006, essas vendas somaram US$ 49,42 bilhões, um resultado 13,4% superior aos US$ 43,6 bilhões registrados em 2005.

No acumulado de 2006, o superávit da balança comercial chegou ao recorde de US$ 42,72 bilhões - 11% acima dos US$ 38,47 bilhões de 2005. Neste ano, porém, o ritmo de crescimento do saldo do setor deve continuar a perder vigor - em 2005, o crescimento havia sido de 12,6%.

"Mas vamos manter [a participação de] 90% do saldo total da balança", estima o ministro Luís Carlos Guedes Pinto. O agronegócio, que exportou para 212 países, respondeu por 93% do saldo total brasileiro em 2006.

O desempenho recorde da balança comercial em 2006 deveu-se, sobretudo, à elevação de 66% nas vendas do complexo sucroalcooleiro, responsável por 53% do incremento no valor das exportações do agronegócio. Os embarques somaram US$ 7,8 bilhões.

"Foi um ano excelente", resumiu o secretário de Relações Internacionais, Célio Porto. Com preços 60% maiores, o valor exportado de álcool mais que dobrou em 2006, chegando a US$ 1,6 bilhão.

O ano passado também foi amplamente favorável aos negócios dos exportadores de carne bovina, apesar dos efeitos negativos dos focos de febre aftosa. O país vendeu US$ 3,1 bilhões (29,6% mais) em carne bovina in natura. Os embarques de carne de frango, porém, sucumbiram ao medo da influenza aviária e caíram 12%. As barreiras da Rússia também impuseram queda de 12% nas vendas de suínos.

Carro-chefe das vendas nacionais, o complexo soja também sofreu em 2006. Houve crescimento de 6% nos embarques do grão, mas reduções de 16% e 3% nas vendas de farelo e óleo, respectivamente. No total, a queda acumulada no complexo bateu em 1,8%.

Ainda assim, o complexo seguiu no topo do ranking, com vendas totais de US$ 9,3 bilhões. No café, as vendas aumentaram 15%, para US$ 3,26 bilhões. Os embarques de milho tiveram o maior incremento percentual do setor (147%) e somaram US$ 722 milhões em 2006.

O ano passado também marcou uma forte elevação de 31% nas importações agrícolas. Em 2005, o aumento havia sido de apenas 6,2%. Apenas em trigo (52%), borracha (43%), arroz (35%) e algodão (144%), o país gastou US$ 1,65 bilhão em 2006.

No total, as compras somaram US$ 6,7 bilhões. Nos destinos mais importantes, leves mudanças. A fatia da União Européia recuou de 33,2% para 31,4% e os EUA subiram de 13,7% para 14,2%. A Ásia (11,3%) recuou, mas Oriente Médio (8,4%), China (7,7%) e África (6,9%) cresceram.