Título: João Paulo busca sindicalistas e Dirceu minimiza impacto
Autor: Cunto , Raphael Di
Fonte: Valor Econômico, 03/08/2012, Política, p. A8

Único réu do mensalão a disputar as eleições deste ano, o deputado federal e ex-metalúrgico João Paulo Cunha (PT-SP) buscou o apoio de sindicalistas e petistas no primeiro dia do julgamento do caso pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Candidato à Prefeitura de Osasco, na região metropolitana de São Paulo, João Paulo deixou de lado ontem as caminhadas e carreatas de campanha e optou por reuniões fechadas com dirigentes sindicais e por um encontro com militantes.

Vinte minutos depois do início do julgamento no STF, em Brasília, João Paulo chegou sem alarde ao Sindicato dos Bancários e Financiários, no centro de Osasco. "Estou tranquilo, estou em paz", disse, pouco antes de reunir-se por quase duas horas com os sindicalistas da CUT. "Tenho segurança na minha inocência e tenho certeza de que o Supremo vai fazer justiça". O evento foi fechado à imprensa.

O petista foi em seguida ao Sindicato dos Comerciário, também da CUT, onde encontrou-se com um grupo de 20 dirigentes. Segundo o secretário-geral do sindicato, Luciano Rodrigues, o mensalão não foi o foco da reunião. "Essa é uma questão que foi encerrada. Tem pressão de setores da mídia para descontruir a imagem do projeto que João Paulo representa", disse.

À noite, participou da inauguração do comitê de campanha do vereador João Gois, presidente do diretório do PT de Osasco. O candidato discursou por sete minutos e vinculou sua imagem à presidente Dilma Rousseff e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O mensalão, no entanto, passou ao largo de sua fala.

Para o presidente do PT de Osasco, os próximos dois meses - tempo previsto para o julgamento - serão "terríveis, um inferno astral" para o PT na cidade. "Mas confiamos muito na Justiça e na reta final da campanha vamos falar que ele foi acusado injustamente durante sete anos", disse. Caso João Paulo seja condenado, o PT deve lançar um nome da coligação como candidato na cidade.

João Paulo ocupava a presidência da Câmara dos Deputados quando foi acusado de participar do mensalão. Foi descoberto saque em nome da esposa do deputado, no valor de R$ 50 mil, no Banco Rural. O Ministério Público Federal acusa o parlamentar de irregularidades em contrato feito com a DNA, a agência de publicidade de Marcos Valério. João Paulo foi absolvido na Câmara e livrou-se do processo de cassação. No Supremo, é réu por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato.

Diferentemente de João Paulo, o ex-ministro José Dirceu optou pela reclusão ontem e assistiu ao julgamento em sua casa em Vinhedo, no interior paulista. O ex-ministro deve ficar nessa casa até o fim de semana, segundo sua assessoria.

Em seu blog, Dirceu fez ontem uma única menção ao mensalão, minimizando-o. Disse que o problema não sequer foi explorado pelos adversários de João Paulo à Prefeitura de Osasco em um debate na televisão porque o tema "não dá ibope". "Caíram do cavalo, como se diz popularmente, os nossos adversários e a oposição em geral que sonhavam explorar na campanha eleitoral a Ação Penal 470 contra nós, o PT e seus candidatos na eleição municipal deste ano", escreveu.