Título: Pesquisas mostram população ainda alheia à disputa eleitoral
Autor: Fernandes , Hilton
Fonte: Valor Econômico, 06/08/2012, Política, p. A8

Apesar das grandes movimentações de líderes e partidos políticos nos bastidores das eleições municipais deste ano, os resultados das pesquisas realizadas pelo Ibope e divulgadas na sexta-feira indicam que o clima eleitoral ainda não chegou às ruas e aos eleitores. O mal desempenho nas pesquisas de candidatos como Fernando Haddad (PT) e Gabriel Chalita (PMDB), em São Paulo, e a vantagem dos candidatos à reeleição em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro mostram que a população tem dado pouca atenção às campanhas, o que beneficia os nomes mais conhecidos.

Em São Paulo, Celso Russomanno (PRB) surpreende ao chegar a 25% das intenções de voto, logo atrás de José Serra (PSDB), com 26%. A ausência de outros adversários mais conhecidos na disputa provavelmente inflou suas intenções de voto. Entretanto, a tendência é a de que Chalita e Haddad cresçam com o início do horário eleitoral, tirando parte dos votos de Russomanno e ultrapassando a candidata Soninha Francine (PPS). A propaganda no rádio e na TV também será fundamental para José Serra, que tem como maior desafio a diminuição dos 34% que o rejeitam na pesquisa Ibope. Paulinho da Força (PDT) e Soninha, que aparecem em seguida, possuem apenas 13% de rejeição, menos da metade do tucano.

Em Salvador, o candidato ACM Neto (DEM) pode representar a melhor chance de seu partido em conquistar uma grande capital. Com 40% das intenções de voto, ACM Neto lidera com 27 pontos de vantagem em relação ao segundo colocado, Nelson Pelegrino, do PT. Embora possua uma rejeição relativamente alta - de 27% - o democrata ainda apresenta um número menor que o petista, rejeitado por 33% dos eleitores consultados.

No Rio de Janeiro o prefeito Eduardo Paes (PMDB) lidera com folga a disputa, com 49% dos votos, e tem grandes chances de vencer logo no primeiro turno. Apenas Marcelo Freixo (PSOL) oferece algum risco ao peemedebista, mas chega a apenas 8% das intenções de voto. Com pouco tempo de TV, Freixo tem buscado apoios de personalidades e lideranças da sociedade civil como forma de se contrapor à composição de Paes, que reúne 20 partidos e dominará o tempo de propaganda eleitoral. O fraco desempenho de Rodrigo Maia (DEM) e Otávio Leite (PSDB), com 5% e 3%, respectivamente, aumenta a possibilidade de uma decisão no primeiro turno.

Assim como o prefeito carioca, Márcio Lacerda (PSB) sai em vantagem na busca por sua reeleição, com 43% dos votos contra 21% de seu principal adversário, Patrus Ananias (PT). Apoiado pelo senador e ex-governador Aécio Neves (PSDB), Lacerda é um dos componentes de uma disputa à parte, que pode influenciar diretamente o quadro eleitoral de 2014. O presidente de seu partido, Eduardo Campos aposta em um crescimento do PSB nos municípios para dar a seu nome uma dimensão nacional, com chances de disputar a sucessão da presidente Dilma Rousseff ou, ao menos, pleitear a indicação a vice-presidente.

Um reflexo desse movimento também é visto no resultado da pesquisa em Recife, capital do Estado governado por Eduardo Campos. Na única pesquisa que pode ser comparada a um levantamento anterior, Geraldo Júlio (PSB), candidato com baixo índice de conhecimento pela população, passou de 5% das intenções de voto em 16 de julho para 12% em 3 de agosto, ultrapassando o candidato Daniel Coelho (PSDB), que oscilou de 9% para 7% no período.

Líder da disputa e apoiado pelo ex-presidente Lula, Humberto Costa (PT) foi o principal prejudicado pela atuação de Eduardo Campos, passando de 40% para 35% das intenções. Mendonça Filho (DEM) ainda permaneceu com 20%, mas começa a ser pressionado pela disputa particular entre Humberto Costa e Geraldo Júlio.

Com o início do horário eleitoral no rádio e na TV em 21 de agosto, espera-se que parte desses resultados sofra grandes alterações, em especial nas cidades de São Paulo e Recife, que contam com nomes pouco conhecidos, mas pertencentes a partidos e coligações fortes, com apoios e recursos que podem potencializar suas candidaturas.