Título: BB supera mercado em expansão do consignado
Autor: Carvalho, Maria
Fonte: Valor Econômico, 08/01/2007, Finanças, p. C8

As operações de crédito consignado do Banco do Brasil (BB) cresceram o dobro do mercado em 2006, garantindo para a instituição uma fatia de 17% de um dos mais promissores negócios do varejo bancário nos últimos anos.

Graças a uma forte presença no pagamento das folhas de funcionários públicos e privados e de aposentados e beneficiários do INSS, a carteira de crédito consignado do BB cresceu 115,32% em 2006, de R$ 3,7 bilhões para R$ 8,1 bilhões.

No mercado como um todo, o consignado cresceu 48,1% no ano passado até novembro para R$ 46,958 bilhões; em doze meses, a expansão foi de 50,1%. O consignado já representa 53,1% do crédito pessoal, que somava R$ 88,362 bilhões em novembro, quase dez pontos a mais do que os 44,3% de novembro de 2005. O consignado está crescendo em um ritmo superior ao do crédito pessoal, que cresceu 24,9% em 2006 até novembro e 25,2% em doze meses. Se forem excluídas as operações de consignado, o crédito pessoal teria crescido apenas 1%.

O gerente executivo de varejo do BB, Gueitiro Matsuo Genso, afirmou que a força do banco no relacionamento com grandes empresas, desenvolvido pela área de atacado, facilita o estabelecimento dos convênios com as empresas que permitem a realização do crédito consignado para seus funcionários. O banco já tem 20 mil convênios desse tipo assinados. Também explicam o crescimento da área o foco do banco na área de pessoa física e as taxas atraentes.

Segundo Genso, a experiência do BB não confirma as especulações de que o consignado estaria perdendo o fôlego. "Os negócios continuarão crescendo neste ano com a continuidade do foco nos convênios, a expansão dos negócios com não correntistas e a atenção aos beneficiários do INSS, afirmou.

Do total de 3 milhões de operações ativas no Banco do Brasil, cerca de 60% foram contratadas por funcionários públicos. O setor privado (17%) e os segurados do Instituto Nacional de Seguridade Social (23%) respondem por um quarto dos contratos ativos do banco. O Banco do Brasil aposta na oferta de crédito para aposentados e pensionistas do INSS para continuar crescendo na oferta do crédito consignado. Ainda há muito espaço para ser explorado.

A continuidade do crescimento das operações de crédito do BB levou a Merrill Lynch a prever para a instituição o melhor resultado neste entre os quatro bancos brasileiros que acompanha, ao lado do Bradesco, Itaú e Unibanco. Retomando a cobertura do Banco do Brasil, a Merrill Lynch recomendou a compra das ações do banco com uma previsão de que o lucro líquido recorrente da instituição crescerá 42% neste ano, puxado pela expansão do crédito, da receita de tarifas e recuperação do agronegócio, que permitirá a redução nas provisões para perdas.

Ainda segundo a Merrill Lynch, o resultado recorrente do Bradesco vai crescer 18,9%; do Itaú, 19,9%; e do Unibanco, 17,6%. De acordo com os analistas, os bancos brasileiros vão se beneficiar da expansão do crédito e da redução das despesas com provisões por causa do ambiente econômico mais favorável.

Desde dezembro, o BB passou a cobrar juros mensais inferiores a 1% nos empréstimos com consignação com prazo de contratação de até seis meses. As taxas mensais para aposentados e pensionistas passaram a variar entre 0,95% e 2,30%. O BB estendeu a linha para cerca de 19 milhões beneficiários da Previdência Social, aí incluídos os cerca de 4,6 milhões de segurados que recebem seus benefícios no próprio banco. O saldo em carteira acumulado da linha de crédito para aposentados e pensionistas do BB é de R$ 900 milhões - o que equivale a 11% da carteira total do crédito consignado do banco.

O Banco do Brasil também financia a renovação das operações de empréstimo, consignados ou não, contratadas por aposentados e pensionistas do INSS que possuam conta corrente no Banco. A medida permite alongar o prazo original das operações, com a conseqüente redução do valor das prestações.

Outra vantagem é a opção de contratação do "troco", em que o cliente leva dinheiro novo de valor semelhante ao das parcelas já amortizadas e ainda mantém sua prestação mensal praticamente no mesmo patamar das que já vinha pagando.