Título: Lácteos embalam avanço da Embaré
Autor: Bouças, Cibelle
Fonte: Valor Econômico, 04/10/2006, Agronegócios, p. B12

A aposta nos segmentos de leite condensado e bebidas lácteas ajudou a mineira Embaré a crescer acima da média do mercado neste ano. A empresa, que tem sede em Lagoa da Prata, registrou crescimento de 10,6% em receita e de 44,3% em volume de produção no acumulado de janeiro a setembro em comparação a igual período do ano passado.

No mesmo período, conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), o volume de leite produzido no país cresceu 2,36%. Haroldo Antunes, diretor-presidente da Embaré, associa o desempenho às operações da fábrica de leite condensado, inaugurada em junho do ano passado em Lagoa da Prata e que recebeu investimento de R$ 53 milhões.

Conforme o executivo, a unidade tem potencial para produzir 3,3 mil toneladas de leite condensado e 1 mil toneladas de bebidas lácteas por mês e hoje opera com 65% de sua capacidade. A capacidade total de produção de leite condensado da empresa é de 4,5 mil toneladas por mês. Neste segmento, a Embaré detém 10% de participação de mercado.

A empresa também iniciou a exportação de leite condensado, tendo enviado em setembro 6 contêineres do produto ao exterior.

A opção do grupo pelo produto acompanha uma tendência do mercado de lácteos e tem garantido melhor rentabilidade em relação ao leite em pó. "O avanço da importação de leite está deprimindo tremendamente os preços", afirma Antunes. Segundo ele, o preço médio da embalagem de 10 quilos de leite em pó caiu 20% de julho de 2005 até agora, passando para R$ 64.

Essa queda também deprimiu os preços do leite condensado, que em média custam a metade do valor do leite em pó (comparando por peso). "De um modo geral, a concorrência cresceu muito no setor de laticínios e derrubou preços. Tivemos que processar muito mais lente para garantir crescimento de receita."

Os produtos lácteos representam 80% da receita da Embaré, que o ano passado foi de R$ 347 milhões. Para este ano, a previsão é manter o ritmo de crescimento em torno de 10%.

O aumento da produção de laticínios levou a Embaré a subir no ranking dos laticínios. Em 2003, de acordo com o ranking da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Leite Brasil), a empresa era o 11 maior laticínio do país, com captação diária de 218,7 mil litros de leite por ano. Este ano, a empresa subiu para a sexta posição, com uma captação de 1,1 milhão de litros de leite, contra 950 mil o ano passado.

O volume tende a crescer nos próximos anos. A empresa mantém o projeto de instalação de um novo complexo industrial no município de Sarandi (RS) a partir do segundo semestre de 2007.

O projeto receberá investimento de R$ 237 milhões e será concluído em 2008. O complexo vai produzir leite em pó e manteiga, destinados principalmente à exportação, e demandará 1 milhão de litros de leite por ano, praticamente dobrando a capacidade produtiva da Embaré.

No mercado de caramelos, a empresa conseguiu expandir as exportações em 7% no volume físico, e em 17% em receita. A empresa exporta hoje 7,5% do que produz. "Tivemos que aumentar os preços no exterior por causa do real valorizado", diz Antunes. O grupo também ganhou quatro novos clientes, aumentando para 48 países importadores. Os principais clientes são do Iraque e da Palestina.