Título: Missão da UE não deverá pedir ampliação de embargo ao país
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 04/10/2006, Agronegócios, p. B12

Conclusões preliminares da missão veterinária da União Européia que esteve no país na semana passada para inspecionar o rebanho bovino em São Paulo superam as expectativas dos exportadores, segundo um especialista em agronegócios que acompanha interesses brasileiros em Bruxelas. "Considerando o contexto em que a missão foi enviada, com a Comissão [Européia] sob pressão de alguns Estados membros [da UE] para endurecer contra a carne brasileira, o resultado foi altamente positivo", afirmou a fonte.

Segundo Philip Tod, porta-voz de saúde e proteção dos consumidores da UE, "o relatório final do FVO [Escritório Veterinário e de Alimentos] não está pronto, mas, com base nas conclusões preliminares dos inspetores, a Comissão Européia não pensa em modificar no momento as medidas atualmente em vigor envolvendo a febre aftosa". Conforme o especialista que acompanha os interesses brasileiros em Bruxelas, que prefere o anonimato, a missão constatou nas visitas em Sao Paulo que não havia problemas com aftosa. Em setembro, foram divulgados exames que mostraram animais com resultado reagente para aftosa no Estado, o que precipitou a vinda da missão.

Ao mesmo tempo, um relatório publicado na Australia, outro grande exportador de carne bovina, mostrou que os pecuaristas locais amargam queda de renda de 50% em 2005-2006. O relatório do Escritório Australiano de Pesquisa Econômica e Agrícola (Abare) explica que, embora os preços sigam elevados, a renda foi afetada pela redução de 5% no número de animais vendidos. Os produtores também sofrem com o câmbio e com a concorrência dos EUA e da Índia (carne de búfalo).

Carnes bovina e de vitelo continuam a ser a principal commodity agrícola da Austrália, com valor da produção estimado em US$ 5,5 bilhões em 2005-2006. Dois terços da produção é exportada. A demanda do Japão e da Coréia do Sul pelo filé australiano foi estimulada pela proibição de importação da carne dos EUA após a descoberta de um caso de "vaca louca" no país em 2003.