Título: Ibope justifica erros a afirma ter acertado 97% dos resultados totais
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 04/10/2006, Política, p. A7

O Ibope divulgou, ontem, um balanço entre os resultados de suas pesquisas de intenção de voto e os dados apurados pela Justiça Eleitoral nas eleições de domingo. De acordo com levantamento do realizado pelo próprio instituto de pesquisas, seu índice de acertos, levando-se em consideração um total 131 levantamentos, que acompanharam 585 candidatos em todo o país, foi de 97%, considerando-se a margem de erro ou a colocação obtida pelos candidatos em relação aos adversários.

O desempenho foi considerado positivo pela diretora-executiva do Ibope, Márcia Cavallari, que destacou que todas os levantamentos foram contratados pela Rede Globo e suas afiliadas nos Estados ou em parcerias com o jornal "O Estado de S. Paulo".

Em relação à disputa presidencial, o instituto afirma que apontou a posição dos candidatos e também a possibilidade de realização do segundo turno, "apenas com uma diferença fora da margem de erro, no percentual obtido por Geraldo Alckmin, tanto na pesquisa de véspera (da eleição) como na de boca-de-urna". Em sua última pesquisa, o Ibope apontava 37% de intenções de voto no candidato tucano e 38% na boca-de-urna. Ao final, o ex-governador paulista obteve 41,6% dos votos.

Quanto às eleições no Estado do Rio de Janeiro, o Ibope argumenta que havia um percentual bastante elevado de eleitores indecisos até a véspera da votação, tanto para o governo fluminense quanto para o Senado, e essa fatia do eleitorado "nas últimas horas antes do pleito, se movimentou em favor de uma das candidaturas, na grande maioria dos casos, as que representavam renovação". O candidato Sérgio Cabral (PMDB) conseguiu 41,4% dos votos, enquanto a pesquisa realizada entre os dias 28 e 30 de setembro mostrava 46% das intenções de voto. Para o Senado, até a véspera da eleição, o Ibope apontava a vitória da Jandira Feghali (PCdoB) com 44% das intenções de voto, contra 38% para Francisco Dornelles (PP), que venceu a disputa com 45,9%, ante 37,5% da candidata comunista. A pesquisa de boca-de-urna apontava empate com 39% para cada um.

O instituto admite apenas duas surpresas nas eleições de todo o país: na Bahia e no Rio Grande do Sul. Paulo Souto (PFL) aparecia com dez pontos percentuais de vantagem sobre o governador eleito Jaques Wagner (PT) até às vésperas da eleição. O Ibope, no entanto, destaca que a candidatura petista cresceu significativamente nos últimos dois dias de campanha e que a "virada" foi detectada na pesquisa de boca-de-urna, que apontou Wagner com 49% (na verdade teve 52,8% dos votos), contra 43% de Souto, percentual obtido também nas urnas.

No Rio Grande do Sul, em pesquisa realizada entre os dias 27 e 29 de setembro o governador Germano Rigotto - que acabou fora do 2º turno, com 27,1% dos votos - aparecia à frente da disputa com 34% da preferência dos eleitores, Olívio Dutra (PT) tinha 25%, empatado com a tucana Yeda Crusius. Ambos vão disputar o segundo turno, com 27,3% e 32,9% dos votos, respectivamente. O Ibope não divulgou boca-de-urna no Estado.