Título: Odebrecht diz que, com Lula ou Alckmin, caminho é do crescimento
Autor: Totti, Paulo e Balarin, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 04/10/2006, Política, p. A5

Para Marcelo Bahia Odebrecht, presidente da Construtora Norberto Odebrecht e da Odebrecht Investimentos em Infra-estrutura, o resultado do segundo turno da eleição presidencial não vai interferir nos planos de suas empresas. "Nossos investimentos seguirão seu curso normal. Mesmo porque não percebemos mudanças substanciais na condução da política econômica, com a vitória de um ou otro dos candidatos. A realidade brasileira só nos impõe um caminho, crescer".

Para ele, a diferença entre os dois candidatos está mais na ênfase que darão a projetos, mas o caminho já está dado. Hoje, 5% do faturamento da Odebrecht vem de obras para o governo. "Isso nos permite maior independência", diz Marcelo. Na eleição passada, seu pai, Emílio Odebrecht, foi um árduo defensor de Lula e cobrou empenho de empresários amigos.

Para Marcelo, da terceira geração dos Odebrecht, depois de conquistar a estabilidade da moeda e domar a inflação, a missão que cabe agora ao governo, seja ele qual for, é a de atribuir prioridade ao crescimento, com destaque para os investimentos em infra-estrutura. "Não se sabe se na condução da política econômica estará alguém afinado com Mantega ou Palocci, Serra ou Malan. O importante é que não há como abortar o crescimento. Em energia elétrica, por exemplo, é impossível modificar o modelo já em execução, sob pena de interromper investimentos e provocar um apagão no final da década".

Odebrecht confia em que já no próximo ano comecem a funcionar as Parcerias Público-Privadas, uma criação do atual governo, e que representarão importante injeção de recursos para a construção de obras públicas. A Odebrecht pretende participar fortemente dessas PPPs, com a experiência que adquiriu em iniciativas similares em Portugal, Peru e EUA.

O adiamento da escolha do presidente para um segundo turno foi considerado "até bom, oportuno", por Marcelo Odebrecht. "Espero que agora se discutam propostas, os respectivos planos de governo fiquem mais claros", disse. "Pode-se também discutir à exaustão a questão do dossiê".

Baiano, como a origem de seu poderoso grupo empresarial, Marcelo não pareceu surpreso com a vitória de Jacques Wagner (PT) nas eleições para governador de seu estado. "No Nordeste todo, e especialmente na Bahia, a imagem de Lula é muito forte, positiva. Isto colou no Jacques Wagner, houve uma vinculação. Aqui em São Paulo aconteceu algo parecido, com Serra e Alckmin".