Título: Lula muda de opinião
Autor: Leite, Larissa
Fonte: Correio Braziliense, 11/11/2010, Brasil, p. 10

Presidente diz que, se for necessário fazer uma nova prova, o governo fará. Quando surgiram os primeiros problemas no exame, porém, ele minimizou as críticas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está em viagem ao exterior e disse na madrugada de terça-feira que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) havia sido um ¿sucesso absoluto¿, aparentemente, mudou de ideia. Ontem, Lula disse que, se preciso, o governo fará, sim, uma nova prova.

¿Nós vamos fazer uma investigação e duas coisas estarão garantidas à juventude brasileira: a Polícia Federal vai fazer todas as investigações para saber o que aconteceu efetivamente e nenhum jovem vai ficar sem cursar a universidade. Se for necessário fazer uma prova, faremos. Se for necessário fazer duas, faremos. Se for necessário fazer três, faremos, mas o Enem continuará a ser fortalecido¿, afirmou o presidente. Lula disse ainda que o sistema utilizado para elaborar as provas será aperfeiçoado no futuro.

Transição Ainda ontem, o deputado federal José Eduardo Cardozo (PT-SP), um dos coordenadores da equipe de transição da presidente eleita, Dilma Rousseff, disse que se reuniu com o ministro da Educação, Fernando Haddad, para falar sobre as políticas do setor. Ele confirmou que o Enem foi um dos temas da conversa, mas não o motivo do encontro. ¿Nós conversamos sobre a realização do exame no último fim de semana e acreditamos que não há problemas para, caso seja necessário, realizar uma segunda prova destinada aos estudantes que eventualmente foram prejudicados¿, disse, repetindo os argumentos que Haddad vem adotando como cartilha desde segunda-feira.

Segundo Cardozo, o princípio da isonomia não será desrespeitado. ¿Nos Estados Unidos são aplicadas sete provas parecidas com o Enem por ano e nem por isso há desigualdade entre os alunos. O critério atestado e aprovado do exame será mantido, com o mesmo nível de qualidade¿, ressaltou.

Tempo de reclamar » Larissa Leite

Quatro mil, duzentas e seis: esse é o total oficial de reclamações sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), enviadas aos canais de comunicação abertos pela Defensoria Pública da União (DPU), pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes). Apenas a DPU recebeu 3.394 e-mails pelo endereço eletrônico. A DPU informou, oficialmente, que candidatos citaram erros como atraso e ausência de informações pelos fiscais, além da inversão do cabeçalho em folhas de respostas e de questões em branco, com duplicidade de numeração.

Ao Correio, a defensoria afirmou, por meio da assessoria, que ¿chamou a atenção a desestabilização psicológica que os estudantes sofreram pelos erros e a falta de preparo dos fiscais em lidar com a situação emergencial¿.

A UNE defendeu ontem a realização de um novo exame opcional para qualquer participante que tenha se sentido lesionado.