Título: Ministro descarta interrupção
Autor: Leo , Sergio
Fonte: Valor Econômico, 10/08/2012, Brasil, p. A5

O ministro da Secretaria de Informação e Comunicação da Presidência do Paraguai, Martín Sannemann, negou ontem que o país pretenda interromper o fornecimento de energia ao Brasil e afirmou que vai cumprir o contrato que estabelece o repasse, mediante pagamento de royalties, do excedente produzido por Itaipu aos parceiros brasileiros na hidrelétrica binacional.

Em entrevista ao Valor, Sannemann afirmou que as declarações do presidente Federico Franco - que anteontem disse que o Paraguai não vai mais "ceder" energia para o Brasil e a Argentina - foram "mal interpretadas". "Não vai existir um corte de energia para o Brasil. Não há nenhuma possibilidade de que o contrato [de Itaipu] seja rompido", afirmou.

Segundo ele, é o próprio tratado de Itaipu que fala em "ceder" energia, não em vendê-la. "Há um pequeno royalty que se paga pela cessão dessa energia. A expressão usada pelo presidente está correta."

A ideia do governo, disse o ministro, é estimular a industrialização no país, para que empresas instaladas em solo paraguaio passem a utilizar a energia hoje "cedida" como excedente ao Brasil.

Sannemann afirmou que o governo enviará ao Congresso, dentro de 30 a 45 dias, um projeto de lei com diretrizes para uma nova política energética no país, que terá como um dos principais pontos a oferta de incentivos fiscais e energia barata para que indústrias se instalem no Paraguai. "O que nós pensamos é que a energia produzida no Paraguai deve ser utilizada pela indústria paraguaia", disse.

Segundo o ministro, muitos industriais brasileiros, "que hoje não são competitivos", ficarão inclinados a investir no Paraguai, quando a nova lei estiver em vigor. Ele disse acreditar que, dentro de 20 a 25 anos, o país estará usando integralmente a energia das dez turbinas de Itaipu a que tem direito - hoje utiliza apenas o equivalente à produção de uma das turbinas.

Para o ministro, "não só o presidente, como todos os paraguaios estão insatisfeitos" com o valor pago pelo Brasil pela energia de Itaipu. "Só com tributos às futuras indústrias, poderemos triplicar o que hoje recebemos de royalties."

Atualmente, o Brasil faz repasse anual de cerca de US$ 360 milhões anuais ao país vizinho pela energia produzida na hidrelétrica binacional.