Título: PMDB tende para Yeda e Rigotto adia definição
Autor: Bueno, Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 04/10/2006, Política, p. A6

Assediado pelo PT e pelo PSDB, o PMDB gaúcho ainda está dividido entre o apoio a Geraldo Alckmin e Yeda Crusius ou a neutralidade no segundo turno da eleição presidencial e para o governo do Rio Grande do Sul. Os deputados estaduais e federais do partido, em peso, vão trabalhar em favor dos candidatos tucanos, mas o governador Germano Rigotto, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, afirmou ontem, por meio de nota, que "neste momento" a decisão é "não participar do processo eleitoral no segundo turno" e o próprio presidente estadual da sigla, senador reeleito Pedro Simon, disse que está "esperando para ver".

De acordo com Simon, o ministro de relações institucionais, Tarso Genro, tem conversado com ele nos últimos dias, propondo que o PMDB participe de um "movimento nacional" para governar o país num eventual segundo mandato. Ontem pela manhã, antes de uma reunião da executiva estadual com parlamentares, ele também falou por telefone com Alckmin, que manifestou "expectativa" de receber apoio do partido, afirmou.

O encontro da executiva terminou sem definição do caminho que será seguido oficialmente pelo PMDB, mas o deputado estadual reeleito Edson Brum afirmou que, embora alguns prefeitos favoráveis a Lula peçam que o partido se declare neutro no segundo turno, a maioria dos parlamentares está alinhada com Alckmin e Yeda. O deputado federal reeleito Darcísio Perondi disse que a posição é uma "unanimidade quase absoluta" nas bancadas estadual e federal, mas o partido ainda estaria à espera de garantias da candidata tucana de que ela não pretende privatizar o Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) e a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan).

Os dirigentes e deputados pemedebistas ainda pretendem conversar com Rigotto antes de formalizar a decisão do partido. Mas, segundo o secretário do Desenvolvimento e Assuntos Internacionais, Luís Roberto Ponte, o governador está "muito triste" com os ataques que sofreu de Yeda durante o primeiro turno. O secretário também ficou irritado com as alegações da candidata tucana de que o governador é responsável pela crise da economia gaúcha e de que a ascensão do PSDB representa o fim de um "ciclo" de polarização entre PT e PMDB no Estado.

"Acabou um ciclo coisa nenhuma", disse Ponte, que lembrou que o PSDB concorreu coligado com o PMDB em 2002, ocupou secretarias e participou das decisões de governo. Segundo ele, setores importantes da economia local estão sofrendo com o câmbio valorizado como sofreram no governo Fernando Henrique Cardoso, mas Rigotto deu os "maiores incentivos possíveis" para as empresas: "Não creio que seja correto mentir em nome da vitória".

Durante a reunião da executiva estadual com deputados, Ponte pregou a liberação do voto dos filiados e militantes do partido no segundo turno. Ele disse que é contra o voto em branco ou nulo, mas acredita que antes de definir os candidatos é preciso "cicatrizar as feridas" do primeiro turno. "Por que esta correria?". O secretário até deixou em aberto a possibilidade de votar no presidente Luiz Inácio Lula da Silva.