Título: Em três capitais, tempo do PSB supera o do PT
Autor: Cunto , Raphael Di
Fonte: Valor Econômico, 10/08/2012, Política, p. A8

O PT terá bem menos tempo de propaganda eleitoral na televisão e rádio do que o PSB nas capitais em que os dois aliados nacionais romperam e lançaram candidaturas separadas. Os petistas, que buscam "dar o troco" pelo fim da aliança em Belo Horizonte, Recife e Fortaleza, ficaram com menos aliados que o agora adversário e disputarão o primeiro turno em desvantagem.

Em Belo Horizonte, o prefeito Marcio Lacerda (PSB) terá quase metade de todo o programa eleitoral na TV - ficará com 14min19s de cada bloco de 30 minutos. O ex-ministro Patrus Ananias, que concorre pelo PT, terá 8min22s. Os tempos foram calculados antes da decisão de ontem à noite do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que retirou oito segundos do PSD e os redistribuiu entre os demais partidos. Lacerda lidera também as pesquisas, com 43% das intenções de voto contra 21% do petista, segundo Ibope divulgado em 3 de agosto.

Na capital mineira, o PT quer derrotar o prefeito para enfraquecer o senador Aécio Neves (PSDB-MG), possível candidato à Presidência em 2014. O tucano pressionou para que Lacerda, cujo atual vice é do PT, não aceitasse dividir com os petistas a chapa de vereadores e forçou o rompimento da aliança às vésperas do fim das convenções.

A movimentação fez a presidente Dilma Rousseff articular pessoalmente a candidatura de Patrus com apoio de PMDB e PSD. Parte dos pessedistas aliada do senador tucano, porém, registrou apoio a Lacerda, o que deixou o tempo de propaganda da sigla com o prefeito. Os diretórios nacional e estadual recorrem da decisão. Se vencerem, podem deixar o cenário menos desfavorável ao PT, que ficaria com apenas dois minutos a menos que Lacerda.

Em Recife, o PSB também rompeu a aliança histórica com o PT, num gesto visto pelos petistas como indicativo de que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que é também presidente nacional do PSB, quer ganhar espaço para concorrer à Presidência em 2014 ou 2018.

Campos pôs fim à aliança com a acusação de que o PT não tinha mais condições de unir a "Frente Popular" - a pedido do próprio governador, o diretório nacional petista impediu o prefeito João da Costa de tentar a reeleição e forçou a candidatura do senador Humberto Costa, o que causou questionamentos jurídicos. O governador não esperou a decisão do PT e lançou candidato seu ex-secretário de Governo, Geraldo Júlio (PSB), com apoio de todos os partidos que estavam aliados aos petistas.

O resultado é que Geraldo Júlio terá 9min7s de propaganda, contra 5min32s de Humberto Costa. Mais conhecido, o petista lidera as pesquisas, com 35% das intenções de voto, mas já caiu cinco pontos percentuais desde julho. Já o pessebista cresceu sete pontos percentuais no mesmo período e está com 12%, atrás do deputado federal Mendonça Filho (DEM), com 20%.

Situação semelhante ocorreu em Fortaleza. O governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), não concordou com o candidato escolhido pela prefeita Luizianne Lins (PT) e apostou na candidatura do deputado estadual Roberto Cláudio (PSB), que terá 10min2s de propaganda. Já o candidato do PT, o ex-secretário municipal de Educação Elmano Freitas, é o segundo com mais tempo de TV: 6min52s.

O rompimento, porém, ainda não se mostrou bom para nenhum dos lados. Em pesquisa Ibope de 31 de julho, Freitas ficou com 4% das intenções de voto e Cláudio, 8%. O líder é o ex-deputado federal Moroni Torgan (DEM), com 32%.