Título: Aumenta número de mulheres que são chefes de família, mostra IBGE
Autor: Santos, Chico
Fonte: Valor Econômico, 05/10/2006, Brasil, p. A2

Estudo inédito do IBGE com base nos dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) mostra que é crescente a participação das mulheres que têm a função de principais responsáveis por seus domicílios na força de trabalho. Mostra ainda que elas ganham mais do que o conjunto das mulheres ocupadas, embora 78,6% recebam menos de três salários mínimos, e têm menor taxa de desemprego, ainda que sejam de menor escolaridade e trabalhem majoritariamente em ocupações menos valorizadas. Mais de uma em cada cinco (21,9%) são trabalhadoras domésticas, mais do que os 18% do conjunto das mulheres ocupadas.

De acordo com o levantamento, que abrange as regiões metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, o número de mulheres chefes de família - terminologia rejeitada pelo instituto, até porque em 17,5% dos casos elas moram sozinhas - ocupadas passou de 2,218 milhões em agosto de 2002 para 2,681 milhões em agosto deste ano, um crescimento de 20,9%, enquanto o total da população feminina ocupada passou de 7,717 milhões para 9,058 milhões no mesmo período.

Com o crescimento maior, a participação das chefes de família no total de mulheres ocupadas aumentou de 28,7% para 29,6% no período estudado, embora em 2003, ano de forte ajuste na economia, essa participação tenha caído a 26,3%. É maior a empregabilidade entre as chefes de família do que entre o conjunto da população feminina economicamente ativa. Em agosto deste ano a taxa de desemprego entre as primeiras era de 8%, enquanto no conjunto ela alcançava 13%. Em agosto de 2002 o desemprego entre as chefes de família somava 9,1%.

De acordo com o IBGE, a idade média das chefes de família era de 43,5% em agosto deste ano, enquanto a das mulheres ocupadas totais era de 37,2%. Chegava a 62,9% o total das responsáveis pelo domicílio com mais de 40 anos, enquanto no conjunto, essa parcela era de 42,2%.

O tempo médio de estudo entre as chefes de família nas seis regiões metropolitanas é de 8,7 anos, diante de 9,5% no conjunto das mulheres ocupadas em agosto deste ano. O IBGE constatou que 38,4% das responsáveis pelos domicílios tinham menos de oito anos de escolaridade, ante apenas 27,7% no conjunto das mulheres ocupadas. A pesquisa mostra ainda que o emprego no setor privado com carteira assinada alcança apenas 29% das chefes de família, enquanto no conjunto das mulheres que trabalham ele chega a 35,4%.

Apesar desses números desfavoráveis, as mulheres responsáveis por seus domicílios ganhavam em agosto deste ano 11,6% mais do que o conjunto das que estavam ocupadas, em números absolutos, R$ 927,10 contra R$ 830,87.

O maior rendimento dessas mulheres que vivem sozinhas é, segundo Liciene Kozovits, analista do IBGE, uma das razões para que as mulheres responsáveis por seus domicílios ganharem mais do que o conjunto das trabalhadoras femininas. Quando a comparação é feita com os homens, as chefes de família ainda perdem longe. A renda domiciliar do trabalho nos domicílios chefiados por homens é 40,7% maior do que a dos comandados por mulheres.