Título: PF abre inquérito sobre acidente com Boeing
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Fonte: Valor Econômico, 05/10/2006, Brasil, p. A2

A Polícia Federal instaurou ontem inquérito para apurar a suspeita de que pode ter sido cometido crime de homicídio culposo no acidente entre o Boeing 737-800, da Gol, e um jato Legacy, na sexta-feira, com 155 vítimas fatais. O delegado federal Renato Saião Dias é o responsável pelo inquérito. A PF vai investigar a suspeita de que os americanos Joseph Lepore e Jean Palladino, piloto e co-piloto do Legacy, possam ter adotado uma conduta arriscada na condução da aeronave.

O jornalista americano Joe Sharkey, que estava a bordo do Legacy criticou ontem as investigações das autoridades brasileiras sobre o acidente. Em entrevista ao programa "Today Show", da rede NBC, ele afirmou que é preciso ter cuidado com as evidências coletadas pelos investigadores do caso. Ele classificou de péssimo o tráfego aéreo na zona do acidente e disse que os pilotos americanos do Legacy "correm algum perigo". O ministro da Defesa, Waldir Pires, reagiu: "É lamentável que alguém faça uma declaração dessa natureza lá fora."

Representantes da Boeing, Embraer (fabricante do Legacy), governo americano, Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea) e Sindicato dos Aeronautas passam a fazer parte da comissão que investiga o acidente. Inicialmente, apenas a Anac e o Comando da Aeronáutica integravam a comissão. "As reuniões começam na segunda", disse Ronaldo Jenkins, que coordena a Comissão de Segurança de Vôo do Snea, destacando que ainda não há como afirmar de quem foi a culpa do acidente. Ontem, em nota, o Comando da Aeronáutica também disse que não há, no momento, nenhuma confirmação sobre possíveis responsáveis pelo acidente.

A Aeronáutica também informou que, desde o início das buscas, 38 corpos haviam sido retirados do local onde o avião da Gol caiu e, do total, 16 foram enviados ontem à Brasília. O ministro Waldir Pires informou que as caixas-pretas do Boeing foram enviadas para o Canadá. Jenkins explicou que a única informação certa até o momento é que as duas aeronaves trafegavam em igual altitude, o que é proibido. (Agências noticiosas)