Título: Brasil pode ganhar com redução tarifária no México
Autor: Souza, Marcos de Moura e
Fonte: Valor Econômico, 05/10/2006, Brasil, p. A4

Pelo menos três setores da indústria brasileira deverão estar entre os mais beneficiados por uma recente decisão do governo mexicano de reduzir unilateralmente tarifas de importação de insumos. De acordo com uma avaliação inicial da Embaixada do Brasil, os setores de madeira, máquinas e equipamentos e produtos de aço devem conseguir ampliar seu espaço na segunda maior economia da América Latina.

O México reduziu 6.089 posições tarifárias de 18 setores, o que representa 53% do universo tarifário do país, segundo a diplomacia brasileira. A decisão foi publicada na sexta-feira pelo diário oficial mexicano e é uma tentativa de alavancar a modernização do setor produtivo do país, que tem enfrentado a concorrência da China. Ambos disputam espaço no mercado americano de manufaturados.

As tarifas mexicanas tiveram cinco faixas de redução. Mas duas delas (a de 15% para 10% e a de 10% para 7%) concentram 36% do total de produtos importados pelo país em 2005. E é justamente nessas duas faixas que estão alguns dos itens nos quais o Brasil apresenta grande competitividade, como carne, couro, calçados, veículos automotores, papel e maquinário.

Segundo o chefe do setor de economia e de promoção comercial da embaixada do Brasil no México, Marcelo Della Nina, a redução tarifária beneficiará economias industrializadas que não têm tratados de livre comércio com o México, como Brasil, China, Taiwan, Coréia do Sul, Austrália e Turquia. O México tem 12 tratados cobrindo mais de 40 países.

"O Brasil pode se tornar mais competitivo que outros fornecedores do México nos setores de madeira e compensados em geral, maquinários e equipamentos e aço", diz Della Nina, fazendo uma análise inicial sobre os impactos da redução sobre o Brasil. Esses são alguns dos setores que o Brasil já tem vantagens comparativas em relação aos concorrentes internacionais.

Em 2005, o Brasil vendeu US$ 4 bilhões ao México, país que é o quinto mercado para as exportações nacionais. No topo da lista das exportações estão automóveis, autopeças, semimanufaturados de ferro e aço e veículos de carga.

Nos últimos anos, o Brasil já vinha ampliando a presença de seus produtos no país do norte. Entre 1998 e 2005, as exportações brasileiras para o México tiveram um crescimento médio de 23,6% por ano, perdendo apenas para o desempenho registrado pela China: 41,4%. Com as reduções tarifárias, a expectativa é de ampliação do ritmo de vendas. "A tendência é que a decisão do governo mexicano ajude a promover um aumento das nossas exportações para o país", aposta Della Nina.