Título: Número de servidores pode influir na taxa
Autor: Santos, Chico
Fonte: Valor Econômico, 26/02/2007, Brasil, p. A5

O simples crescimento do pessoal ocupado na administração pública do país a uma taxa superior a 1,39% ao ano poderá determinar a revisão para cima dos números do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro nos últimos anos, a partir da entrada em cena da nova metodologia de cálculo, prevista para o dia 21 de março. O aumento da força de trabalho terá peso decisivo para medir a administração pública no novo PIB, enquanto na fórmula até agora vigente, o cálculo é feito com base no crescimento demográfico do país, hoje estimado em 1,39% ao ano. A administração pública representa 16% do PIB.

O IBGE não faz nenhuma projeção sobre os números que virão com as mudanças metodológicas, que serão muitas, mas técnicos do instituto admitem ser provável que o novo cálculo da administração pública eleve as taxas de crescimento do PIB dos últimos anos - 0,54% em 2003; 4,94% em 2004; e 2,28% em 2005 -, considerando que houve grande quantidade de concursos públicos no período.

Por força dos prazos estabelecidos, que fazem parte de acordos internacionais, o IBGE terá que divulgar no próximo dia 28 o PIB do quarto trimestre e o do ano de 2006 pela metodologia antiga. Embora o número já não reflita a realidade que os aperfeiçoamentos introduzidos na nova metodologia tornarão bem mais precisa, é certo que ele deverá gerar muito debate antes e após a divulgação do número real, um mês depois.

Entre o número antigo e o novo do PIB de 2006, o IBGE divulga os números de anos anteriores (1995 a 2005) pela nova metodologia. Além da variação real, o pacote de dados trará o novo valor do PIB ano a ano.

Estêvão Kopschitz, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) destaca que os debates poderão tornar-se mais acesos a partir desse momento, porque a mudança do PIB, se for significativa, poderá alterar todos os cálculos feitos com base em percentual do produto, incluindo o superávit primário das contas públicas, fixado nos últimos anos em 4,25% do PIB.

Da mesma forma que o IBGE, o Ipea manterá o seu cronograma de divulgações e publicará o Boletim Conjuntural de março logo após a divulgação do PIB de 2006 pela metodologia antiga. Embora não haja ainda definição oficial, é provável que o Ipea faça uma divulgação especial logo após o IBGE tornar público o novo PIB, corrigindo suas projeções.