Título: Senado aprova recondução de diretora da ANP
Autor: Ulhôa , Raquel
Fonte: Valor Econômico, 09/08/2012, Política, p. A7

O plenário do Senado aprovou ontem, por 60 votos a favor e 8 contra, a recondução da engenheira Magda Maria Chambriard para a diretoria-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Pela manhã, após sabatina, a Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) aprovou a indicação da presidente Dilma Rousseff, por 21 votos a favor e um contra. A votação de aprovação de autoridade é secreta. Magda Chambriard é a primeira mulher a comandar a ANP.

Funcionária aposentada da Petrobras, a engenheira do Rio de Janeiro ingressou na agência em 2002, como assessora da diretoria. Ocupa uma das diretorias desde 2008. Assumiu o comando da agência em março, em substituição ao ex-deputado Haroldo Lima, do PCdoB, cujo mandato se encerrou em 11 de dezembro de 2011. Naquele ano, ela assessorou a comissão interministerial que estudou regras de exploração e produção do petróleo na camada pré-sal. Também coordenou os estudos que resultaram na certificação dos ativos para a capitalização da Petrobras.

Magda não tem filiação partidária, mas teve apoio do antecessor. Haroldo Lima participou da reunião da comissão, durante a sabatina de Magda, assim como a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ). O senador Aécio Neves (PSDB-MG) manifestou apoio à recondução e, chamando atenção para o perfil técnico da diretora, elogiou a "despartidarização" da ANP.

Em sua exposição na CI a diretora afirmou que vai trabalhar pelo aperfeiçoamento dos mecanismos de gestão da agência, por uma fiscalização da distribuição e revenda cada vez mais eficiente e "para mitigar a necessidade crescente de importação de etanol e gasolina, que afeta negativamente nossa balança comercial".

A engenharia disse que pretende trabalhar para que a agência esteja sempre pronta para enfrentar questões regulatórias sensíveis, como a da segurança operacional marítima, que ela considera um "salvo conduto" para que o país continue a exploração de petróleo em águas cada vez mais profundas. Afirmou que irá trabalhar por uma estreita sintonia entre investimento local, nos projetos de exploração e produção e investimento em pesquisa e desenvolvimento, para garantir a ampliação da base tecnológica do país.

Para atingir esses objetivos, a ANP precisa ampliar a comunicação com a sociedade e motivá-la a nos auxiliar a fiscalizar, apresentando suas dúvidas e denunciando possíveis desvios, avalia. "Minha meta é perseguir o objetivo de conquistar a sociedade, para que ela perceba a ANP como entidade capaz de zelar pelo seu bem estar, que atua em prol do desenvolvimento do país."

Magda disse que, em sua primeira sabatina para ocupar uma diretoria da ANP, em 2008, o pré-sal era apenas um "sonho bom" e agora é uma realidade, com duas descobertas declaradas comerciais. Segundo ela, já é possível dizer que poderemos duplicar as reservas do Brasil.

A engenheira chamou a atenção dos senadores para a importância do papel das pequenas e médias empresas petrolíferas, hoje em torno de 20, atuando principalmente no Nordeste e no Espírito Santo e em terra. Juntas, produzem cerca de 3,6 mil barris de petróleo por dia e investiram R$ 1,6 bilhões nos últimos dez anos. No fim de 2011, eram responsáveis pela criação de 2,6 mil postos de trabalho. "Recomendo que analisem esse tema, porque esse segmento representa para o país uma importante ação no sentido da descentralização do investimento exploratório, hoje concentrado no Sudeste e voltado para águas muito profundas", disse. O mandato de Magda terminaria em novembro.