Título: Ibovespa reage e se aproxima de Brics
Autor: Takar , Téo
Fonte: Valor Econômico, 09/08/2012, Finanças, p. C2

A Bovespa aproveitou a relativa calmaria no noticiário externo para tirar parte do atraso em relação às demais bolsas internacionais. Depois de figurar entre os cinco piores mercados do mundo neste ano, acima apenas das bolsas de países europeus em crise, como Grécia e Espanha, o Ibovespa subiu 2,16% em dólar ontem, a maior alta entre mais de 40 índices acompanhados pelo Valor Data.

"Nosso mercado está muito atrasado, principalmente se comparado aos Brics", diz o sócio-diretor da AZ Investimentos, Ricardo Zeno. A bolsa brasileira continua negativa no ano quando analisada em dólar, que é a forma como o investidor estrangeiro percebe os diversos mercados. Mas a perda, que superava 10% em maio, agora está em 3,89%, o que ainda deixa o Brasil atrás das bolsas de outros países emergentes como China (-2,72%), Rússia (4,55%), Índia (9,75%) e África do Sul (10,59%).

Boa parte da alta de ontem da Bovespa foi alavancada por Petrobras. A expectativa de que o governo poderá autorizar um novo reajuste de combustíveis ainda neste ano deu fôlego às ações PN (4,59%, a R$ 21,18) e ON (5,42%, a R$ 22,14). O tema foi levantado pelo jornal "O Globo".

No fim da manhã, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que a elevação nos preços dos combustíveis tem sido constantemente avaliada pelo governo, mas que uma decisão nesse sentido ainda não foi tomada. "É uma avaliação que vem sendo feita para reduzir o prejuízo da Petrobras", afirmou. Ele enfatizou que o reajuste ainda está no campo da possibilidade, mas que pode sim sair neste ano.

Assim, o mercado local descolou das bolsas americanas, que ensaiaram uma realização de lucros após três pregões de alta. O Ibovespa subiu 2,12%, aos 58.950 pontos. O volume financeiro ficou um pouco acima da média dos últimos dias e alcançou R$ 7,119 bilhões. Com isso, a bolsa já acumula alta de 3% na semana e de 5% no mês.

Pela análise gráfica, o índice está testando a média móvel dos últimos 200 pregões, na casa dos 59 mil pontos. Se vencida essa resistência, o mercado deverá buscar a casa dos 62 mil pontos. Vale destacar ainda a análise de Petrobras PN. O papel superou sua média móvel de 200 dias, na linha de R$ 21,00, e deve buscar R$ 22,50, segundo os analistas técnicos.

Mas não foi apenas Petrobras que subiu bem. As principais componentes do Ibovespa fecharam no azul. Vale PNA teve alta de 0,97%, a R$ 37,27; OGX ON ganhou 1,80%, para R$ 6,19; e Itaú PN avançou 2,27%, para R$ 34,15. A lista de maiores altas do índice trouxe papéis de setores mais atrasados, como siderurgia e construção: Gafisa ON ganhou 8,24%; seguida por Usiminas ON (7,10%) e Rossi ON (6,25%). Apenas oito ações do Ibovespa terminaram em baixa, entre elas, Souza Cruz ON (-2,92%); Cesp PNB (-2,59%) e Fibria ON (-2,55%).

Fora do Ibovespa, a novata Unicasa caiu forte pelo segundo pregão seguido e com volume significativo. Depois de perder 10% na terça-feira, a ação ON despencou 15,55% ontem, para R$ 11,40, no menor preço desde sua oferta inicial (IPO, na sigla em inglês), em abril, realizada a R$ 14,00. A fabricante de móveis planejados divulgou na segunda-feira uma redução de 50% no lucro do segundo trimestre, para R$ 5,7 milhões. Analistas estão pessimistas com o resultados do próximo trimestre em função da queda na receita das marcas Dell Anno e Favorita.