Título: Cotação passa dos US$ 60 em Nova York e Londres
Autor: Capela, Maurício
Fonte: Valor Econômico, 26/02/2007, Empresas, p. B6

É difícil encontrar hoje quem arrisque um preço para o barril de petróleo nos próximos anos. Mesmo diante de números, projeções e evoluções de oferta e de demanda acertar qual será o patamar futuro para commodity é quase um jogo de azar.

No entanto, alguns analistas ainda aceitam o risco e se aventuram pelo campo das tendências. Um bom exemplo é Alexandre Oliveira, sócio-diretor da Accenture para a área de recursos naturais. "Para mim, o preço da commodity continuará em alta no futuro", afirma Oliveira.

O executivo da Accenture baseia sua expectativa em uma conta simples. Segundo Oliveira, hoje ao redor de 7 milhões de barris por dia que chegam ao mercado são produzidos em países de alto risco, o que equivale a 8,3% da oferta de 84,7 milhões de barris por dia registrada em 2006. Em 2015, a estimativa é que esta produção alcance 30 milhões de barris por dia, o que significaria 34,5% se comparado à oferta do ano passado.

Para Oliveira, países de alto risco são as nações principalmente localizadas no Oriente Médio e África. Em geral, suscetíveis a conflitos religiosos, civis ou políticos.

David Zylbersztajn, presidente da consultoria DZ e que já ocupou a diretoria-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), acredita, no entanto, que a commodity não tem fôlego para uma nova escalada de preços. "Há espaço, inclusive, para que o preço do petróleo caia no mundo", afirma o executivo.

Atualmente, a commodity tem se comportado como uma gangorra nos principais mercados do planeta. Na sexta-feira, por exemplo, o preço do petróleo do tipo WTI para abril, o chamado primeiro contrato, foi negociado a US$ 61,14 na Bolsa Mercantil de Nova York, alta de 19 centavos de dólar. Já na Bolsa Internacional do Petróleo de Londres, a commodity do tipo Brent também para abril foi vendida a US$ 60,88, acréscimo de 26 centavos de dólar.

Com a alta de sexta-feira, o petróleo atingiu seu maior preço em 2007. O incremento registrado nos mercados decorre da expectativa de analistas de que o governo dos Estados Unidos anuncie uma queda dos estoques de combustíveis nas próximas semanas. As refinarias operaram com uma capacidade de 85,2% na semana terminada em 16 de fevereiro e este é o menor nível registrado desde março de 2006.

Além disso, o valor do barril já começa a precificar alguma tensão no Irã. O país tem a segunda maior reserva da commodity e é o segundo produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). A entidade é responsável por 40% do consumo de óleo no mundo.

Nesta segunda-feira, os cinco países que compõem de forma permanente o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) se reúnem em Londres, na Inglaterra. A idéia é começar a trabalhar algumas resoluções que poderão resultar em sanções contra o Irã. A Agência Internacional de Energia Atômica afirmou que o país pretende espalhar 3 mil centrífugas capazes de produzir combustível nuclear. (MC e agências internacionais)