Título: Família Machline tenta ressuscitar negócios
Autor: Claudia Facchini e João Luiz Rosa
Fonte: Valor Econômico, 01/12/2004, Empresas, p. B1

Os filhos de Matias Machline ainda não desistiram da Sharp. O grupo, que já foi uma das maiores empresas de eletroeletrônicos do país e líder em televisores durante os anos 80 e início da década de 90, já entrou em concordata duas vezes e também já teve duas vezes sua falência decretada pela Justiça de Manaus.

O advogado da Sharp do Brasil, Fernando Hollanda, entrou com recurso no dia 23 de agosto deste ano na tentativa de reverter a quebra da companhia e fazer com que ela volte a ser concordatária, o que aconteceria pela terceira vez. Mas o pedido ainda não foi avaliado pelo tribunal do Amazonas. Carlos Augusto Falet, advogado que também assessora os acionistas da fabricante brasileira, afirma que os planos são fazer da empresa uma fabricante de produtos mais baratos, como televisores pequenos, segmento que não interessaria à matriz japonesa. A nova falência, decretada pela Justiça de Manaus no dia 05 de agosto último, porém, jogou uma pá de cal nos projetos de ressuscitar a companhia. "Em Manaus, nada funciona de forma normal. Lá deve haver outro código cível", dispara Hollanda. A quebra da Sharp deixou um rastro de processos e litígios, envolvendo desde disputas pelo direito de uso da marca no país como também a falência de suas subsidiárias, como a Sid, que atuava no setor de automação bancária. A fábrica da Sid no Paraná chegou inclusive a ser invadida e saqueada. Antônio José Areosa, que foi nomeado síndico da massa falida da Sharp e da Sharp do Brasil pelo juiz de Manaus, afirma que atualmente estão sendo levantados os bens que pertenciam à empresa. Só em Manaus, a fábrica da Sharp ocupava uma área de 50 mil m2. O grupo também possui imóveis em São Paulo, incluindo o edifício onde ficava a sede da companhia, na capital. No entanto, um dos ativos mais valiosos da Sharp é a própria marca japonesa, cuja propriedade é cobiçada tanto pelos credores, quanto pelos acionistas da ex-fabricante brasileira e também por outras indústria. Há alguns meses, havia rumores de que a fabricante chinesa Proview, que monta produtos para terceiros, tinha interesse em voltar a produzir aparelhos com a marca japonesa. Mas as negociações não vingaram. Segundo o advogado da Sharp Corporation, Manuel Monteiro, do escritório Stuber Law, a multinacional japonesa é detentora da patente para a maioria dos produtos no país. (CF e JLR)