Título: Mineração lidera investimento do Brasil no exterior
Autor: Ribeiro, Alex
Fonte: Valor Econômico, 26/02/2007, Finanças, p. C1

O Banco Central divulgou, pela primeira vez, estatísticas que mostram os setores e países que recebem mais investimentos diretos de brasileiros no exterior. Em 2006, o setor e o país que mais receberam capitais brasileiros foram a mineração e o Canadá, devido à da operação de compra da canadense Inco pela Vale do Rio Doce.

Os investimentos diretos brasileiros brutos (sem descontar os retornos de capitais) no exterior chegaram a US$ 28,380 bilhões em 2006, dos quais US$ 23,094 bilhões foram mapeados pelo BC (as estatísticas incluem apenas as participações no capital com valor a partir de US$ 1 milhão, sem contar os empréstimos intercompanhias). O país que mais recebeu recursos, com US$ 14,516 bilhões, foi o Canadá. O principal setor foi o de mineração, com US$ 15,560 bilhões.

Boa parte dos investimentos brasileiros no exterior é feito por meio de paraísos fiscais, o que dificulta a identificação do destino final dos capitais. Os investidores brasileiros não têm comportamento diferente dos estrangeiros, que também costumam usar paraísos fiscais para entrar no Brasil.

Depois do Canadá, os dois países com mais investimentos são as Ilhas Cayman (US$ 3,1698 bilhões) e as Bahamas (US$ 1,398 bilhão). Em seguida, vêm a Argentina, com US$ 1,309 bilhão, e os Estados Unidos, com US$ 841 milhões. As Ilhas Virgens Britânicas, outro paraíso fiscal, recebeu US$ 487 milhões.

Os dados sobre os setores que recebem mais investimentos são mais informativos do que o corte por países. Depois da mineração, a intermediação financeira é o segmento que ais recebe capitais brasileiros, com US$ 2,587 bilhões, ou 11,2% do total. A fabricação de produtos alimentícios e bebidas recebeu US$ 1,505 bilhão em investimentos brasileiros diretos (6,5%). Em seguida vêm os serviços prestados a empresas (categoria que inclui empresas holdings), com US$ 725 milhões (3,1%); a fabricação de produtos têxteis, com US$ 666 milhões (2,9%); e a metalurgia básica, que inclui siderurgia, com US$ 612 milhões (2,7%).

Em janeiro, retornaram ao país liquidamente US$ 2,880 bilhões em capitais que estavam investidos no exterior. Boa parte se deve ao retorno de investimentos da Vale na Inco. Uma subsidiária da Vale no exterior amortizou US$ 6 bilhões em empréstimos intercompanhias. Os investimentos brasileiros no exterior, por outro lado, somaram US$ 4,027 bilhões, dos quais US$ 649 milhões foram mapeados pelo BC como participação no capital. Desse total, US$ 348 milhões foram investidos na intermediação financeira; Ilhas Cayman recebeu US$ 345 milhões.