Título: Apesar do avanço, desafio é grande em muitas regiões
Autor: Rocha, Alda
Fonte: Valor Econômico, 27/02/2007, Agronegócios, p. B16

Apesar de algumas regiões produtoras de milho do Brasil apresentarem rendimentos dignos de agricultores americanos, o país ainda tem uma longa estrada a trilhar nesse quesito. E precisa atravessá-la logo, pois é o ganho de produtividade que garantirá o espaço do milho do Brasil no mercado internacional.

"A produtividade brasileira no milho vem crescendo ano após ano graças ao incremento da tecnologia, mas ainda estamos muito aquém dos concorrentes no mercado externo", pondera Leonardo Sologuren, da Céleres. Enquanto a produtividade média no Brasil está estimada em 3.759 quilos por hectare nesta safra, nos Estados Unidos, maior exportador mundial de milho, o rendimento médio é de 9,3 mil quilos por hectare. Na Argentina, outro exportador, de 7 mil quilos, de acordo com Sologuren.

O que derruba a produtividade brasileira é principalmente o desempenho ruim em regiões menos tradicionais em milho, como o Norte e o Nordeste do país.

Na atual safra, o clima está favorecendo a produtividade, mas o que estimula as exportações brasileiras são os altos preços internacionais do milho, alavancados pela demanda para a produção de etanol. Nada a ver com competitividade. "O Brasil não pode ser um exportador oportunista", afirma Sologuren, acrescentando que a maior produtividade reduz o custo por hectare, tornando o produto mais competitivo no mercado.

Para o analista, hoje o Brasil exporta milho "porque o preço está muito bom", mas se o dólar vier abaixo de R$ 2,00 parte dos ganhos com a cotação elevada começa a ser anulada. "[O Brasil] não pode ficar dependente da alta do mercado internacional para exportar". Em janeiro, a média de preços do milho brasileiro exportado foi US$ 135 por tonelada ante US$ 104 de igual período de 2006, de acordo com a Secex.

É por conta dessa valorização dos preços que o país deve exportar 6,5 milhões de toneladas de milho este ano, na estimativa da Céleres. No ano passado, foram 4 milhões.

Margoreth Demarchi, do Deral, diz que ano 2000 foi um divisor de águas para o milho. Até então o investimento em tecnologia era baixo e, em consequência, também as produtividades. Na média dos últimos cinco anos da década de 90, o rendimento foi de 3.719 quilos por hectare no Paraná. De 2001 a 2005, subiu 42%, para 5.296 toneladas.

Além do investimento em sementes produtivas, também contribuíram para o incremento técnicas como a rotação de culturas, o plantio direto e a melhoria da fertilidade do solo. (AAR)