Título: Brasil assina acordo para incentivar pesquisa
Autor: Borges, André
Fonte: Valor Econômico, 27/02/2007, Empresas, p. B2

O governo brasileiro inicia hoje um acordo de cooperação tecnológica com o Estado de Israel. O documento, conforme apurou o Valor, será assinado em Brasília pela embaixadora de Israel no Brasil, Tzipora Rimon, na presença do ministro Luiz Fernando Furlan, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).

O acordo, que já foi aprovado pelo parlamento de Israel, é resultado de negociações que tiveram início em agosto de 2005, quando Furlan seguiu para Israel em missão comercial na região. O acordo bilateral prevê uma série de ações para incentivar o intercâmbio de pesquisas entre empresas e o meio acadêmico. Uma das medidas pretende facilitar o ingresso de mestres e doutores brasileiros em centros de pequisas de Israel.

Outra medida estratégica pretende fomentar o interesse de investidores de capital de risco e "seed money" (capital semente) em projetos que integrem tecnologias de ambos países.

Em entrevista ao Valor, o secretário de Tecnologia Industrial do MDIC, Jairo Klepacz, afirmou que a iniciativa envolverá a participação direta do BNDES, que atuará como o gestor de fundos de capital de risco interessados em aplicar dinheiro em projetos de empresas brasileiras de tecnologia que busquem parceria com companhias de Israel. "O objetivo será atrair fundos de capital de risco em que o BNDES já atua", diz Klepacz, que também irá liderar o comitê de gestão desse acordo.

O cronograma de ações incluirá uma série de apresentações pelo país, expondo tecnologias de companhias de Israel e suas possíveis aplicações. Os principais alvos de colaboração, segundo Klepacz, serão pesquisas na área de nanotecnologia, TI e indústria química. "A idéia, basicamente, é trazer mais conhecimento para a empresa brasileira, que irá adicionar mais valor ao seu produto", diz o secretário.

Há 15 anos, segundo dados do Escritório Econômico de Israel no Brasil, havia apenas 5 empresas israelenses no país. Hoje são quase 200 com atividades locais. A maioria dessas companhias está ligada a produtos de alta tecnologia. Entre elas, 42 atuam nas áreas de TI e telecom; 42 oferecem tecnologias para agricultura; 24 trabalham com sistemas de equipamentos de segurança e 17 produzem equipamentos médicos.

"Eu tenho certeza que, com o acordo assinado, passamos a ter uma base maior para ampliar a cooperação entre os países, aumentando os investimentos no Brasil", diz Rona Kotler Ben Aroya, chefe do Escritório Econômico da Embaixada de Israel no Brasil.

Em 2006, o comércio total realizado entre Brasil e Israel atingiu US$ 760 milhões, contra os US$ 492 milhões de poucos anos atrás. A assinatura do acordo para cooperação tecnológica, comenta Rona, é o primeiro passos dos países rumo a uma área de livre comércio. As negociações, diz ela, já está em discussão há mais de um ano com o governo brasileiro e demais países do Mercosul.

Em março de 2005, o então ministro da Indústria e Comércio de Israel, Ehud Olmert (hoje primeiro-ministro de Israel), veio ao Brasil para estreitar o relacionamento dos países em projetos de inovação. Em maio do ano passado, o cientista chefe de Israel, Eli Opper, também esteve no país para avançar no tema. A expectativa é que este segundo acordo seja definido nos próximos meses. (AB)