Título: Manuela corteja PT contra Fortunati
Autor: Bueno , Sérgio Ruck
Fonte: Valor Econômico, 16/08/2012, Política, p. A8

Os três principais candidatos à Prefeitura de Porto Alegre prometeram ontem dar mais eficiência para a gestão municipal e governar em "parceria" com as entidades empresariais. O atual prefeito José Fortunati, do PDT, a deputada federal licenciada Manuela D"Ávila, do PCdoB, e o deputado estadual Adão Villaverde, do PT, participaram de um debate na Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Sul (Federasul) e apresentaram planos de incluem desde reduções de impostos municipais até a aceleração do licenciamento de obras da construção civil.

Manuela, que disputa com Fortunati a liderança nas pesquisas de intenção de voto, também ensaiou uma aproximação com o PT de Villaverde, de olho no apoio do partido em um eventual segundo turno contra o atual prefeito. Ela saiu em defesa do governador Tarso Genro, do PT, quando Fortunati sugeriu haver motivações eleitorais no projeto de "última hora" apresentado pelo Estado para construir um centro de eventos na cidade, e elogiou a administração do prefeito petista Jairo Jorge no município vizinho de Canoas por iniciativas em setores como saúde e segurança pública.

A candidata do PCdoB lembrou sua condição de deputada federal em segundo mandato e de ex-líder do governo Dilma Rousseff na Câmara, mas também procurou colocar-se como novidade. Ela classificou os adversários como representantes de "dois ciclos que a cidade já viveu e precisam ser superados", numa referência aos quatro mandatos consecutivos do PT, de 1989 a 2004, e à gestão Fortunati, que era vice do ex-prefeito José Fogaça (eleito em 2004 pelo PPS e reeleito em 2008 pelo PMDB) e assumiu a prefeitura em 2010, quando o pemedebista renunciou para concorrer ao governo estadual.

A deputada licenciada também prometeu usar o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), de competência da prefeitura, para incentivar o desenvolvimento de regiões da cidade e de setores como o da "economia criativa". Disse que vem preparando a candidatura "há quatro anos" (desde a derrota de 2008) e que quer "unir o povo" e fazer um governo de "unidade política". No calor do debate, ainda afirmou que "um tablet é o mínimo para uma criança de seis anos estar adaptada ao mundo".

Apesar da crítica ao projeto do Estado de construir um centro de eventos em Porto Alegre, Fortunati afirmou que não existe "clima hostil" entre a prefeitura e o governo do PT. Mesmo assim, disse que não disputa o "voto" do governador. "As relações institucionais da prefeitura são construtivas e não subordinadas", afirmou. De acordo com ele, desde que Genro assumiu a administração estadual, a prefeitura cobra sem sucesso o aumento do efetivo da Brigada Militar na cidade, mas de outro lado obteve R$ 1 bilhão do governo federal para a construção do metrô na cidade.

"Fomos atrás [dos recursos] e estamos tirando o metrô do papel", afirmou Fortunati. Em resposta a uma pergunta formulada pela própria Federasul, ele também prometeu, caso seja eleito, concluir a implantação de um "escritório de licenciamento de projetos", com representantes de diferentes secretarias municipais, apara acelerar a liberação de obras na cidade. Segundo o prefeito. o objetivo é garantir maior "celeridade" aos processos sem ferir a legislação ambiental.

Terceiro colocado nas pesquisas, distante de Fortunati e de Manuela, Villaverde centrou o discurso na necessidade de "projetos estruturantes" para o desenvolvimento local, em áreas como mobilidade urbana, transporte coletivo, saneamento e "descentralização" da cidade. Assim como os adversários, prometeu reforçar as parcerias com entidades empresariais e de trabalhadores e atuar em colaboração com os governos estadual e federal. "Não somos o passado, mas carregamos o passado de forma honrada", afirmou o deputado, em relação às administrações anteriores do PT em Porto Alegre.

A última pesquisa divulgada em Porto Alegre, feita pelo Datafolha nos dias 19 e 20 de julho, o pedetista aparece com 38% das intenções de voto, seguido por Manuela, com 30%. Adão Villaverde vem bem atrás, com 3% das citações. Os candidatos do PSOL, Roberto Robaina, com 2% das intenções de voto; Jocelin Azambuja, do PSL, com 1%; e Eric Correa (PSTU) e Wambert di Lorenzo (PSDB), que não pontuaram, não participaram do debate.