Título: Eletrobrás diz que sua preocupação é evitar blecaute em Manaus
Autor: Leila Coimbra
Fonte: Valor Econômico, 01/12/2004, Empresas, p. B6

O presidente da Eletrobrás, Silas Rondeau, confirmou ontem que a estatal negocia com a americana El Paso um novo acordo de de fornecimento de energia em Manaus a partir de 2005, quando vence parte do atual contrato que a empresa possui com as subsidiárias da Eletrobrás, a Eletronorte e a Manaus Energia. O prazo e as condições deste contrato, segundo Rondeau, não estavam sendo costurados com a intenção de beneficiar nenhum grupo, mas apenas para garantir a continuidade do abastecimento de energia em Manaus a partir do vencimento do atual contrato com a El Paso, marcado para 15 de janeiro. O presidente da Eletrobrás disse que o acordo com a El Paso será de no máximo até três anos, tempo necessário para a construção de uma rede de gasodutos na região, pela Petrobras, que escoaria produção da reserva de gás de Urucu, na Amazônia, de propriedade da estatal petrolífera. "Nós estamos estudando uma solução estrutural para o fornecimento de energia em Manaus, e isso será possível com térmicas a gás na região. O problema é que o contrato com a El Paso vence dentro de um mês e meio. E não podemos deixar que uma cidade de 1,5 milhão de habitantes fique às escuras". Rondeau disse que o acordo com a El Paso não inviabiliza o processo de licitação retomado nesta semana pela Manaus Energia. O problema, segundo ele, é que não há mais tempo hábil para que o ganhador deste leilão comece a abastecer a cidade em janeiro. "Havia um processo de licitação em curso desde o início do ano passado, mas por força de decisão judicial tivemos que interrompê-lo. Agora, precisamos de um plano B para evitar que a cidade fique sem energia em janeiro". O acordo costurado com a El Paso envolve ainda a Petrobras e a Cigás, interessadas em desenvolver um mercado de gás na região. A Cigás, por exemplo, é a concessionária de distribuição de gás na região, mas existe por enquanto apenas no papel, já que ainda não há o insumo disponível na região. A Petrobras, por sua vez, está em vias de tornar comercial a produção da sua reserva de gás na região, com a construção do gasoduto Urucu-Coari-Manaus, cujo licenciamento ambiental começou a ser destravado depois de anos emperrado. A El Paso é parceira da Petrobras na região e tem participação de 25% no gasoduto Urucu-Porto Velho. A Petrobras tem ainda o interesse que a El Paso construa o gasoduto Urucu- Manaus, uma complementação do que ligará Porto Velho a Manaus, onde a empresa americana já anunciou que pretende investir, desde que convidada "pela Eletrobrás, Petrobras, Ministério de Minas e Energia ou pelo governo do Estado". Futuramente, Petrobras e da El Paso transformariam as quatro usinas da empresa americana que abastecem Manaus nas primeiras "âncoras" de