Título: Exigências do cliente motivam mudanças
Autor: Cezar, Genilson
Fonte: Valor Econômico, 27/02/2007, Especial, p. F4

Mais mobilidade e facilidade de comunicação entre escritórios remotos, atualização da infra-estrutura de processamento eletrônico de informações para poder participar de licitações públicas e se adequar às exigências das cadeias de suprimentos são hoje os principais motivadores dos programas de investimentos que estão sendo realizados pelas micro, pequenas e médias empresas brasileiras. Envolvem companhias dos mais diversos segmentos econômicos. Desde empresas sem fins lucrativos, com pouco mais de dez funcionários, como a AGGS-Associação dos Funcionários do Grupo Gusmão dos Santos, que funciona dentro da unidade de Suzano (SP) da Fórmica, até médias empresas como o tradicional colégio paulistano Dante Alighieri, que investiu na compra de novos computadores visando à modernização dos seus processos educativos.

A preocupação em reduzir os custos com a utilização da infra-estrutura de TI e de telecomunicações é uma constante em vários projetos de atualização tecnológica Foi esse o caso da AGGS, que substituiu um antigo PABX analógico por um PABX híbrido da NEC, o Topaz, que suporta tanto a comunicação tradicional TDM como IP. "Fizemos uma economia entre 40 a 50% do nosso custo mensal de telefonia, que era da ordem de R$ 70 mil. Isso foi obtido principalmente nas ligações para celular e também nas ligações para a Formiline, que gerava um grande volume de impulsos pela rede pública, mas que agora são feitas via VoIP, sem custo para a associação", conta Maria Aparecida Capelli, chefe do departamento administrativo da AGGS.

Também foi o caso da Estrada Transportes, transportadora de carga rodoviária, marítima e aérea, com atuação no Porto de Santos e nos aeroportos internacionais de São Paulo e Viracopos, que adotou uma solução de VoIP (equipamentos de voz da Ebrax, firewall da SonicWall para VPN-Virtual Private Network e rede Frame Relay da Telefônica. Segundo Eduardo Valim, supervisor de informática da empresa, a idéia era oferecer possibilidade de conversação sem limite de tempo entre as filiais e os escritórios dos clientes, eliminando custos de ligação telefônica à distância. "Houve uma redução imediata de 30% nos custos de telefonia, mas esperamos atingir uma diminuição de até 60%", diz ele.

Mas um dos maiores incentivadores à inovação tecnológica, seguramente, é o maior cuidado que as empresas procuram ter hoje para atender da melhor maneira possível às demandas dos clientes. A Crivo Sistemas, criada em 2000 em São Paulo, com 40 funcionários, é uma provedora de serviços destinados à automação dos processos de decisão para crédito e risco de empresas importantes como TIM, Nortel, Porto Seguro, Grupo Votorantim e Toyota. A Crivo é uma grande consumidora de TI. Em 2006, a empresa faturou R$ 3,5 milhões e este ano espera crescer 100%. Porém, para alcançar esse objetivo precisa investir pesado na compra de novos equipamentos e sistemas de tecnologia de informação, comenta Daniel Turini, diretor da empresa. "Só com um novo ambiente de TI, conseguiremos atender às exigências dos nossos clientes", afirma o executivo.

No ano passado, a Crivo investiu cerca de 30% do seu faturamento na compra de novos equipamentos e sistemas. A empresa apostou na virtualização (consolidou 25 servidores em uma única máquina Dell) para desenvolver seus produtos com mais facilidade, segundo Turini.

O mesmo percentual de investimento deverá ser aplicado em 2007, quando a empresa deve adquirir mais um servidor, além de soluções de storage para unificação dos seus sistemas de armazenamento centralizados virtualmente. A companhia pretende comprar ainda oito notebooks com placa da Vivo, com 2 Mb para conexão sem fio de sua força de venda. "Utilizamos uma linha de crédito que temos com o BNDES para financiamento de máquinas fabricadas no Brasil, como é o caso dos notebooks e algumas linhas de servidores", explica Turini.

Preço, qualidade e atendimento ao cliente foram os fatores determinantes para viabilizar o projeto de modernização dos laboratórios do colégio Dante Alighieri, cujos equipamentos já tinham mais de cinco anos de uso. Foram adquiridos 185 desktops da HP, equipados com processadores AMD Athlon de 64 bits compatível com Windows e preparados para executar a nova safra de aplicativos da Microsoft, como o Vista e o Officer. Outras empresas também buscam utilizar a tecnologia como fator diferencial e vital para o crescimento de seus negócios.

São exemplos a Gelita do Brasil, ligada a uma multinacional australiana que lidera o mercado de gelatinas com cerca de 200 funcionários no Brasil, e a SOAP, empresa com apenas seis funcionários, focada na criação de apresentações (PPTs) para apóio aos seus clientes (ABN/Real e Microsoft) e para divulgação e venda de produtos e de seus conceitos.

Para a Indústria Metalúrgica Friuli, de São José dos Campos, especializada na produção de componentes e peças usinadas para a Embraer, a palavra-chave para investir em tecnologia é integração. A empresa resolveu adotar o novo software da alemã SAP, o Business One, voltado para pequenas e médias empresas, visando melhorar gestão de seus processos de produção. "O objetivo é permitir otimizar os processamentos de pedidos, emissão de ordens de compras, ordens de fabricação e faturamento", diz Antônio Luis Gouveia Forte, diretor de soluções de negócios da Friuli. (G.C.)