Título: Denise Frossard rompe aliança com Alckmin
Autor: Vilella, Janaina
Fonte: Valor Econômico, 05/10/2006, Política, p. A6

O prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia (PFL), e a candidata do PPS ao governo do Estado, Denise Frossard, reagiram ontem negativamente ao apoio do ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PMDB) à candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência. Maia anunciou que deixará de participar da campanha do candidato. "Garotinho representa o que há de pior na política brasileira. Não há como nos aproximarmos deste tipo de política".

Denise, por sua vez, foi mais radical e rompeu a aliança com Alckmin, adiantando que votará nulo no segundo turno. No primeiro turno, a candidata declarou voto no tucano. "O Alckmin não gosta do Rio, definitivamente. Constatei isso ontem (na terça-feira). Retiro meu apoio a ele, que agora não está mais autorizado a usar a minha imagem".

Com o rompimento, a candidata não terá mais o apoio do PSDB e ficará praticamente isolada na disputa. O PT já declarou apoio ao adversário de Denise, o pemedebista Sérgio Cabral Filho, e a tendência é de que o senador Marcelo Crivella, do PRB, terceiro colocado na disputa estadual, também anuncie nos próximos dias uma aliança com Cabral. Já o PDT deve escolher, na segunda-feira, quem irá apoiar.

Maia explicou que não deixará de pedir votos para o tucano, mas a organização da campanha ficará a cargo do PSDB. A decisão foi acertada entre líderes tucanos e pefelistas, no Rio, em reunião na noite de terça-feira. "Vou continuar recomendando o voto no Alckmin, mas sairemos da campanha propriamente dita, das caminhadas, da fixação de materiais e bandeiras e de toda a mobilização. Isso ficará a cargo do PSDB. O PFL vai concentrar a campanha na deputada Denise Frossard", disse Maia.

Maia e Garotinho são rivais na disputa pelo comando político do Estado. "O Alckmin passeia com o Garotinho e nós andamos com a Denise Frossard. Nós queremos essas águas bem separadas". Em sua avaliação, a coordenação de campanha de Alckmin errou ao ter aceito o apoio de Garotinho, na tentativa de reforçar os votos do tucano no interior do Estado.

Ao mostrar o mapa de votos de Alckmin, no Rio, Maia afirmou que o tucano teve uma votação expressiva em diversas cidades do interior, como Teresópolis, Nova Friburgo e Silva Jardim, onde Garotinho tem forte presença política. O mesmo não ocorreu em alguns municípios da Baixada Fluminense, como Duque de Caxias, São João de Meriti e Magé. "A questão do Alckmin, na verdade, não é o interior e sim a Baixada Fluminense, onde Lula teve uma votação magnífica", explicou o prefeito.

A aliança entre Denise e Alckmin, segundo Maia, também ajudaria o tucano a conquistar os votos obtidos pela senadora Heloísa Helena. Isso se explica, de acordo com o prefeito, porque Denise teria ganho de Cabral entre os eleitores que votaram na senadora. "Alckmin tinha que concentrar tudo na Denise. Ela e sua candidatura levariam os votos da senadora para ele, e ele, no interior, levaria os votos que teve para Denise".

Para o pefelista, o racha do PMDB no Estado, com o apoio de Garotinho à Alckmin e de Cabral à Lula foi "uma esperteza do partido". Segundo Maia, o ex-governador aliou-se ao tucano na tentativa de estreitar relações com o Planalto, no caso de uma eventual vitória de Alckmin. Já Cabral teria anunciado apoio à Lula em busca dos votos do presidente na Baixada Fluminense. "De um lado o Cabral busca segurar os votos dele na Baixada, onde o Lula teve uma votação magnífica. No interior, o Garotinho finge que faz alguma coisa, mas o Alckmin não precisa, ele já está forte no interior (ver mapa nesta página). No Rio e em Niterói, onde Denise é forte, Alckmin desarruma a campanha dele", disse o prefeito.

Garotinho perdeu força política no interior do Estado, inclusive em Campos dos Goytacazes, seu reduto eleitoral, segundo Maia. Como exemplo desse desgaste, o prefeito cita o resultado de Geraldo Pudim, candidato eleito à deputado federal apoiado por Garotinho nas eleições: "O Pudim teve uma votação pífia para a concentração que teve. Na capital, praticamente não teve votos. E olha que teve aquela parafernália de compra de voto, hoje chamada de política social focalizada". Pudim foi o segundo candidato a deputado federal mais votado no Estado.