Título: Produção de bens de capital aumenta 2,8% em agosto
Autor: Lamucci, Sergio
Fonte: Valor Econômico, 06/10/2006, Brasil, p. A3

O bom desempenho da indústria de bens de capital (máquinas e equipamentos), foi o principal destaque da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) de agosto divulgada ontem pelo IBGE. Com aumento de 2,8% - o maior do ano -, sobre julho e de 7,4% sobre agosto do ano passado, os bens de capital ajudaram a indústria geral a crescer 0,7% sobre o mês anterior, segundo desempenho positivo consecutivo nesta forma de comparação. Sobre o mesmo mês do ano passado, a alta foi de 3,2%.

A produção industrial acumula crescimento de 2,8% neste ano e de 2,2% nos 12 meses encerrados em agosto. O economista Braulio Borges, da LCA Consultores, estima que no trimestre encerrado em setembro a produção vai crescer de 1,3% a 1,4% sobre o trimestre anterior e 3,7% sobre o terceiro trimestre de 2005. Embora o IBGE não faça previsões, o coordenador de indústria do órgão, Sílvio Sales, avalia, com base nos dados apurados até agosto, que há "uma chance enorme" de a indústria crescer, conservadoramente, 0,9% sobre o trimestre anterior.

"Após um trimestre frustrante (o segundo), teremos um trimestre razoável para a indústria como um todo e muito melhor para os investimentos", disse Fabio Giambiagi, coordenador do Grupo de Acompanhamento Conjuntural (GAC) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Tanto o Ipea quanto a LCA Consultores previam um crescimento industrial sobre julho, já descontados os efeitos sazonais, de 0,3%.

Giambiagi e Borges ressalvaram apenas o mau desempenho da indústria automobilística, primeiro dos chamados indicadores antecedentes de setembro já divulgado (queda de 9,9% em relação a agosto, com ajuste, e de 5,6% em relação a setembro do ano passado).

O desempenho da indústria de máquinas e equipamentos foi o fato mais alvissareiro da divulgação do IBGE, segundo a visão de analistas. Bruno de Paula Rocha, da consultoria Tendências, projetou, com base nos dados até agosto, que a produção de bens de capital fechará o ano com um crescimento de 4,5%. O destaque negativo de agosto, por categorias de uso, foi o desempenho dos bens de consumo, com queda de 0,1% em relação a julho, decorrência da retração de 0,9% dos bens semi duráveis e não duráveis, especialmente alimentos. Os bens duráveis cresceram 1,6% e os intermediários, 0,7%.

"A importância do aumento de 2,8%, com relação ao mês anterior na série com ajuste sazonal da produção de bens de capital reside no fato de que este dado sugere uma recuperação dos investimentos na economia, o que significa perspectiva de aumento da oferta agregada e, portanto, menores riscos de inflação", analisa a equipe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Sales, do IBGE, destacou que o desempenho da produção de bens de capital em agosto foi importante não só pelo fato de sido o segundo mês consecutivo de crescimento em todas as formas de comparação, como também pelo fato de a produção de máquinas e equipamentos, cujo crescimento vinha concentrado em produtos para uso em outros setores, como em serviços de energia elétrica, em transportes e em construção, apresentou em agosto forte incremento (14,3%) na produção de máquinas para fins industriais.

Sales destacou também que a média móvel trimestral, indicativa de tendência, mostra que, enquanto a indústria geral acumula alta de 1,3% no trimestre encerrado em agosto sobre os três meses fechados em março, quando começou a trajetória positiva, em bens de capital esse incremento é de 2,3%.

Os números do Modermaq, o programa do para estimular a produção de máquinas e equipamentos, estão alinhados com o bom desempenho do setor. De janeiro a agosto deste ano o programa emprestou R$ 1,4 bilhão, 7,7% mais do que os R$ 1,3 bilhão emprestados durante todo 2005. Já a Finame, a linha específica do banco estatal para financiar a compra de máquinas e equipamentos, emprestou de janeiro a setembro deste ano R$ 7,2 bilhões, 5,5% mais do que no mesmo período do ano passado.