Título: Desembolsos do BNDES sobem 18,2% no trimestre
Autor: Grabois, Ana Paula
Fonte: Valor Econômico, 06/10/2006, Brasil, p. A6

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desembolsou R$ 13, 23 bilhões no terceiro trimestre , montante 18,2% superior ao apurado no terceiro trimestre do ano passado. No acumulado do ano, entretanto, os desembolsos ficaram estáveis, com crescimento de apenas 1% na comparação com os nove primeiros meses de 2005 e alcançaram R$ 31,48 bilhões. Para o presidente do banco, Demian Fiocca, as liberações para 2006 deverão superar os R$ 47 bilhões referentes a 2005. "Vamos ter um novo recorde de desembolsos", afirmou.

No primeiro trimestre, os desembolsos registraram retração de 28,4%. No trimestre seguinte, subiram 8,8%. Na avaliação de Fiocca, o fato de o crescimento do terceiro trimestre ter conseguido compensar a forte retração dos desembolsos no primeiro trimestre indica uma tendência positiva para a economia e para a demanda por recursos pelas empresas. Por isso, ele aposta em um resultado igualmente favorável para o quarto trimestre. "Existe uma tendência de crescimento dos desembolsos", afirmou o executivo.

O orçamento do BNDES para 2006 corresponde a R$ 56 bilhões, mas fontes do banco avaliam que o número mais provável se aproxime de R$ 50 bilhões.

Para Francisco Eduardo Pires de Souza, economista e assessor do BNDES, a redução da TJLP para 6,85% ao ano e o recuo do spread do banco são fatores fundamentais para sustentar a expansão da demanda dos financiamentos pelo setor privado. "Vemos razões para que o crescimento recente dos desembolsos tenda a se firmar como tendência", disse o economista.

Outro ponto que reforça a previsão de alta de desembolsos corresponde ao desempenho das aprovações de pedidos de empréstimos, que cresceram 31% no acumulado de janeiro a setembro. A aprovação é a fase anterior à liberação de recursos pela instituição.

Em termos setoriais, o BNDES emprestou menos para o setor de agropecuária e à infra-estrutura no terceiro trimestre. A agropecuária, que vem sofrendo com a seca no Sul do país, recebeu R$ 564 milhões no terceiro trimestre, 24% a menos em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. No ano, os recursos liberados ao setor ficaram 6% abaixo do registrado no mesmo período de 2005.

Em relação ao setor de infra-estrutura, a queda foi maior, de 24,16% no terceiro trimestre e de 19% no acumulado do ano. Os desembolsos no trimestre corresponderam a R$ 3,88 bilhões e somaram R$ 10,62 bilhões nos nove primeiros meses deste ano.

Na avaliação de Fiocca, houve uma influência da ausência de empréstimos ao segmento de telecomunicações neste ano. Ele afirma que está em fase de final de aprovação um significativo empréstimo para uma empresa do setor. "A operação mudará as estatísticas no quarto trimestre", afirmou o presidente do banco.

Por outro lado, o setor industrial tem recebido mais recursos ao longo de 2006. No terceiro trimestre, os desembolsos às indústrias cresceram 72% e foram de R$ 7,59 bilhões. No acumulado do ano, alcançaram R$ 28,2 bilhões, o que significou uma alta de 62% em relação a 2005.

No segmento de pequenas e médias empresas, houve uma retração de 13% no ano, devido especialmente à crise agrícola que reduziu a demanda dos pequenos produtores rurais em 29%.

As micro e pequenas empresas tiveram 10% a menos de recursos, mas o número de operações subiu 22% no ano. "Há uma desconcentração dos desembolsos para as pequenas e médias empresas", comentou Fiocca.