Título: Fechar capital não resolve futuro da empresa, diz OSX
Autor: Schüffner , Cláudia
Fonte: Valor Econômico, 15/08/2012, Empresas, p. B6

A suspeita do mercado sobre um possível fechamento de capital da OSX, braço de construção naval e offshore do grupo EBX do empresário Eike Batista, foi descartada ontem por executivos da empresa. A razão, segundo o presidente da OSX, Carlos Bellot, e o diretor financeiro, João Borges, é que um eventual fechamento de capital não seria a melhor alternativa no longo prazo.

"É uma possibilidade [o fechamento de capital], mas não equaciona o futuro da companhia", disse Bellot. Ele lembrou, ainda, que o plano de negócios da companhia depende de 20% em recursos próprios. Segundo o presidente da OSX, em uma eventual decisão de fechar o capital, a empresa teria que continuar a desenvolver o seu plano de negócios, o que exigiria que o controlador [Batista] continuasse a aportar recursos de forma indefinida na companhia, em um momento de aumento de encomendas. "E de onde vem o dinheiro se ele usou para fechar o capital?", pondera.

A especulação no mercado sobre a possibilidade de fechamento do capital da OSX surgiu depois que Batista anunciou que fecharia o capital da empresa de logística do grupo, a LLX. As especulações envolvendo a OSX expõem os conflitos existentes entre Eike, a holding EBX e as empresas do grupo - o chamado risco X. O mercado apostou na saída da bolsa da OSX porque estava contando, influenciado inclusive pelas declarações do próprio empresário, que ele teria de iniciar a capitalização da empresa neste segundo semestre.

A operação seria de US$ 1 bilhão. Na bolsa, a OSX vale cerca de US$ 1,7 bilhão. Batista tem 17,10% das ações da empresa e mais 60,56% via Centennial Asset. Para comprar os 22,25% que estão no mercado, gastaria cerca de US$ 380 milhões. Financeiramente, portanto, seria mais vantajoso ao empresário fechar o capital da OSX. Haveria, porém, um preço a ser pago em termos de governança e de alinhamento com os minoritários.

O diretor financeiro da OSX, João Borges, discorda que seja vantajoso fechar o capital. "Fechar o capital é sempre uma opção do controlador e acontece quando se considera que as ações não refletem o preço justo. O preço [da OSX] reflete o que tem dentro da empresa. O crescimento está por vir. Não vejo essa conta de que seja mais barato fechar o capital se tem continuidade do negócio. Não vejo lógica de gastar US$ 400 milhões para fechar o capital."

Borges lembrou que quando a OSX abriu o capital, em março de 2010, tinha um plano de negócios que previa desembolsos potenciais de até US$ 2,4 bilhões. Na listagem das ações, a OSX captou US$ 1,4 bilhão. Na ocasião, para garantir a performance do plano de negócios, Batista colocou à disposição da OSX um direito para que a EBX faça um aporte de até US$ 1 bilhão na OSX. O prazo para a OSX exercer esse direito ("call") expira em março de 2013.

Em teleconferência, em março, Batista avaliou que, naquele momento, o aporte na OSX representaria uma perda de US$ 500 milhões. Mas garantiu que cumpriria seu compromisso. "Adoro ter 83%, 84% das minhas empresas. Não tenho o menor problema em ficar US$ 500 milhões mais pobre", afirmou aos analistas. Mas segundo Borges não há obrigação de que o exercício ocorra em setembro, como vem sendo mencionado no mercado, nem em duas tranches de US$ 500 milhões cada uma. O executivo estima que com a operação de Batista aumentaria sua fatia na OSX para 88%.

Esse direito de exercício de um aporte pelo controlador serve para cobrir eventuais aumentos de custos na construção do estaleiro da OSX e de embarcações encomendadas à empresa. O direito permite fechar eventuais déficits de caixa para sustentar o crescimento da companhia, explicou Borges. Mas para alguns analistas, além de o fechamento de capital nos preços atuais representar uma falta de compromisso com os investidores, significaria marcar a mercado a OSX a um valor que o empresário considera baixo. Ainda mais relevante é o fato de a OSX ter negócios relacionados com outra empresa do grupo, a OGX - e um preço menor na empresa de estaleiros poderia influenciar negativamente as cotações da petrolífera.

Os rumores de fechamento de capital atingiram ainda a CCX, de carvão, e até mesmo a MPX, de energia. A tese nesse negócio é que a gigante alemã E.ON tem porte para absorver a MPX, em vez de manter uma joint venture com a empresa. O andamento dessas operações será acompanhado pelo mercado e pode balizar operações futuras de Batista.