Título: Brasil quer aumentar a importação de produtos venezuelanos
Autor: Leo , Sergio
Fonte: Valor Econômico, 23/08/2012, Brasil, p. A3

O Brasil quer aumentar as importações de produtos venezuelanos e vai retomar a cooperação com o governo da Venezuela para instalação de fábricas no país, informou ao Valor o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia. "Não podemos basear nossa relação comercial na América do Sul em déficits crescentes dos nossos parceiros", argumentou. O governo, segundo Garcia, pretende fazer um esforço para aumentar as compras de fertilizantes como a uréia e de subprodutos do petróleo, como o coque verde, um substituto do carvão.

Neste fim de semana, uma missão chefiada pelo ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, vai a Caracas, para conversas com o governo venezuelano sobre os planos de comércio e investimento bilaterais e também sobre a necessidade de acelerar a adaptação das leis e normas venezuelanas às regras do Mercosul, que, em julho, incorporou o país governado por Hugo Chávez como membro pleno.

Há duas semanas, ao reunir-se, em Caracas, com Marco Aurélio Garcia, o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Alessandro Teixeira, e o subsecretário-geral para América do Sul do Itamaraty, Antônio Simões, Chávez garantiu categoricamente que fará as mudanças necessárias para ingressar no bloco.

Os altos funcionários brasileiros levaram ao presidente venezuelano a demanda da presidente Dilma Rousseff por avanços sensíveis ainda neste semestre, quando o Brasil está na presidência temporária do Mercosul. A Venezuela tem quatro anos para adotar regras assumidas por Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai, como a tarifa externa comum.

O Brasil aumentou suas exportações à Venezuela em 30%, de janeiro a julho deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado, e acumula um superávit de US$ 2,1 bilhões com o país. Em 2009, Hugo Chávez anunciou a intenção de construir 200 fábricas "socialistas" com apoio estatal, e chegou a negociar com o governo brasileiro e a Associação Brasileira de Fabricantes de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) o fornecimento de equipamento e projetos de engenharia para até 12 delas.

Hoje, apenas duas, uma de vidro e outra de equipamentos de refrigeração, voltadas à indústria alimentícia, estão em construção. Há empresas brasileiras, como a Braskem, com interesses de investir na Venezuela.