Título: Acionista da Varig critica 'demora' da Anac
Autor: Grabois, Ana Paula
Fonte: Valor Econômico, 06/10/2006, Empresas, p. B2

A demora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em conceder Certificado de Homologação de Empresa de Transporte Aéreo (Cheta) à nova Varig pode prejudicar os investimentos da empresa, segundo afirmou ontem o executivo do fundo de investimentos MatlinPatterson, Lap Chan, após depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) aberta pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) para investigar a venda da Varig.

O fundo MatlinPatterson é um dos acionistas da Volo, empresa controladora da VarigLog que, por sua vez, comprou a Varig. "A definição do investimento vai depender da Anac", disse Chan, acrescentando que se a posição da agência continuar indefinida, o aporte de investimento previsto pode ser comprometido.

A VarigLog já aportou US$ 95 milhões na nova Varig. Desse total, US$ 20 milhões se referem ao valor mínimo da compra da companhia e o restante foi desembolsado poucos dias após o leilão da aérea. Outros US$ 75 milhões estão previstos, mas só devem ser liberados após a autorização do certificado a ser dado pela Anac.

Na semana passada, a agência reguladora autorizou o funcionamento jurídico da nova Varig sob o nome de VRG, mas não concedeu ainda o certificado que permite à empresa operar aviões. Desde que comprou a companhia aérea, em 20 de julho, a nova Varig opera suas aeronaves com as concessões da antiga Varig.

Segundo o executivo Lap Chan, a VarigLog negocia o aluguel de 14 aviões. Entretanto, o fechamento desses contratos também depende da autorização da Anac. "Tem uma hora que a paciência tem limite. Vai ficando difícil", reiterou.

A autorização da Anac é ainda uma pré-condição para a companhia aérea fechar o empréstimo de US$ 1,6 bilhão junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para comprar 50 aeronaves da Embraer. O advogado da VarigLog, Cristiano Martins, disse que todos os documentos solicitados pela Anac foram entregues.

Segundo a Anac, o parecer que falta para a concessão do Cheta ainda está em análise na sua superintendência de segurança operacional. A agência acrescenta que está realizando uma "criteriosa avaliação" para verificar se a nova empresa tem condições de operar suas aeronaves. Os parlamentares da CPI da Varig decidiram que vão convocar o presidente da agência reguladora, Milton Zuanazzi, para prestar esclarecimentos sobre o assunto.

Atualmente, a Varig opera com 15 aviões. Entretanto, a empresa planeja ter uma frota de 80 aeronaves. A companhia voa para quatro destinos internacionais: Frankfurt, Buenos Aires, Caracas e Bogotá. De acordo Lap Chan, a aérea vai priorizar o aumento da malha doméstica.