Título: Breitener perde presidente no acidente da Gol
Autor: Capela, Maurício
Fonte: Valor Econômico, 06/10/2006, Empresas, p. B8

O pior acidente aéreo da história do Brasil, ocorrido na última sexta-feira com o vôo Gol 1907 e que vitimou de forma fatal 154 pessoas, atingiu também uma pequena companhia do setor de energia, com sede em Manaus (AM). A Breitener Energética, que opera duas usinas termoelétricas na capital do Estado do Amazonas, perdeu no acidente o seu diretor-presidente Antônio Carlos de Mattos o diretor-financeiro Francisco Aderson Geraldi de Farias e também o consultor independente Valdomiro Henrique Machado que ajudava na implantação das duas usinas da companhia.

A notícia demorou pouco tempo para chegar à sede do grupo e resultou em uma reunião emergencial, na última segunda-feira, entre os acionistas. Outro encontro já foi agendado para a próxima terça-feira. O objetivo da nova reunião é debater os rumos da companhia, bem como o remanejamento de funções.

A Breitener é controlada pela Skanska do Brasil (35%), subsidiária do grupo finlandês de mesmo nome, Petrobras (30%), as nacionais Thermes Participações (24%), Orteng (5,5%) e Enerconsult (5,5%).

"Antes de mais nada, a primeira atitude foi amparar as famílias. Vamos dar toda a assistência necessária", explica o diretor-administrativo da empresa, Elfio Mendes.

Mendes conta que ele, o diretor-presidente e o diretor-financeiro passavam, como de costume, a semana em Manaus. Em regra, os executivos não ficavam na cidade amazonense todo o tempo. Na verdade, o ritmo era bem diferente. Tanto o presidente, como o financeiro costumavam viajar a cada 15 dias para a sede da Breitener e ficavam na companhia durante uma semana.

"Nós três fomos embora na sexta-feira. Eu, como moro no Ceará, peguei o avião para lá. Já o diretor-presidente morava no Rio, mas o financeiro que morava em São Paulo, resolveu também pegar este vôo", conta Mendes.

Como não eram acionistas e, sim, responsáveis pela implementação desses empreendimentos em Manaus, os executivos tinham essa liberdade de trânsito. Mesmo porque cada uma das térmicas tem seu próprio corpo diretivo.

O presidente, que tinha 63 anos e era aposentado da Petrobras, trabalhava na Breitener desde 2002. Já o financeiro, de 54 anos, foi funcionário da Skanska do Brasil e o consultor Valdomiro, que tinha perto de 60 anos, era aposentado da Eletronorte, empresa da Eletrobrás, e também já havia ocupado o cargo de diretor na Manaus Energia.

Na Breitener, explica Mendes, a distribuição de funções é clara. Cabe ao grupo finlandês indicar o financeiro, sendo que a Petrobras determina o presidente. Já a administração pertence à Thermes.

Os executivos estavam em Manaus, desta vez, para uma série de reuniões com as direções das térmicas e também com diretores da Manaus Energia. As usinas ainda não têm nem um ano de operação.

Batizadas de Tambaqui e Jaraqui, essas usinas térmicas foram inauguradas, respectivamente, em janeiro e abril deste ano. Só que o acordo, como é de costume no setor de energia, foi assinado bem antes. A Manaus Energia contratou o fornecimento do insumo em maio do ano passado, sendo que o contrato tem duração de 20 anos.

Com capacidade individual de 60 megawatts, juntas, as térmicas consumiram investimentos de R$ 345 milhões no total, sendo R$ 200 milhões em equipamentos e R$ 145 milhões em dinheiro, usado para viabilizar a obra e instalação.

O diretor-administrativo da empresa conta que os R$ 200 milhões em equipamentos não requisitaram recursos em moeda, porque são herança da usina termoelétrica, com capacidade de gerar 166 MW, implantada pelo grupo em Maracanaú (CE). "A Breitener foi criada em 2001e essa usina foi construída com o objetivo de suprir de forma emergencial a demanda pelo insumo no momento do racionamento de energia", lembra o executivo.