Título: Brasília terá a maior sala vip da AL
Autor: Rittner , Daniel
Fonte: Valor Econômico, 23/08/2012, Empresas, p. B6

A nova concessionária do aeroporto de Brasília prepara um pacote de ações de "curto prazo", com investimento inicial de pelo menos R$ 10 milhões, como sua primeira intervenção ao assumir as operações. O plano envolve um conjunto de medidas imediatas: revitalização dos banheiros, reforma da cobertura para acabar de vez com as goteiras, reparo de todas as escadas rolantes quebradas, implantação de um elevador adicional próximo à área de embarque, troca dos carrinhos de bagagem e uma nova identidade visual (o que abrange mudanças de painéis e letreiros).

Esse "banho de loja" começa daqui a aproximadamente 30 dias e é apenas para dizer que o grupo vencedor do leilão de concessão em fevereiro, formado pela brasileira Infravix e pela argentina Corporación América, chegou de vez ao aeroporto. Simultaneamente, começa um "fast-track agressivo" para iniciar obras de ampliação até dezembro e chegar à Copa do Mundo de 2014 com capacidade para atender a 22 milhões de passageiros por ano, segundo José Antunes Sobrinho, presidente do conselho de administração da Inframérica, a nova concessionária.

Os investimentos na primeira fase de obras devem alcançar R$ 650 milhões e implantar a "maior sala vip da América Latina" no segundo andar do terminal, com um conceito inédito no Brasil, permitindo o acesso a essa área nobre não só por convite das empresas aéreas - viajando, por exemplo, de classe executiva -, mas também por meio de uma taxa cobrada de qualquer cliente interessado em usufruir do serviço. A área prevista para os "vips" supera dois mil m2, mas o tamanho exato depende de aprovação do projeto pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Privilegiando o uso de vidro para aproveitar a iluminação natural e pé-direito mais alto para permitir uma "convivência harmônica" dentro do terminal, além de ousadia na jardinagem, o projeto básico da expansão do aeroporto está em fase adiantada. Ele prevê a construção de dois píeres - um em cada ponta do terminal existente -, aumentando de 13 para 28 o número de pontes de acesso aos aviões.

Os corredores desses píeres terão mezaninos com lojas e lanchonetes, além de esteiras mecânicas para facilitar o trânsito de passageiros. No embarque, o check-in será compartilhado, sem guichês fixos por empresa. Na hora do desembarque, a bagagem poderá ser retirada em esteiras "americanas", que são inclinadas e permitem o recolhimento das malas com mais comodidade. Do lado de fora, o estacionamento mais do que dobrará de tamanho, atingindo 3 mil vagas. A chegada ao terminal ganhará uma faixa adicional - no piso superior (embarque) e no inferior (desembarque) - para a circulação de veículos e o sobe-e-desce de passageiros.

As duas pistas do aeroporto, separadas por uma distância de 1.300 metros, já funcionam de maneira independente. Hoje, no entanto, cada uma só tem uma função durante a maior parte do tempo: pousos ou decolagens. Com a construção de saídas rápidas, o uso será otimizado, com aviões subindo e descendo em ambas as pistas e uma diminuição dos intervalos nas operações.

Até 2016, englobando já a segunda fase de obras, os investimentos chegam a R$ 1,1 bilhão e elevam a capacidade do aeroporto para 24 milhões de passageiros por ano. Hoje, o limite é para 14 milhões de passageiros.

"É um fast-track agressivo. Temos um projeto básico bastante adiantado. O BNDES conhece muito bem o grupo Engevix e buscamos a liberação do financiamento (às obras do aeroporto) ainda neste ano", disse Antunes ao Valor, em uma sala apertada que faz as vezes de escritório provisório da Inframérica, enquanto a Infraero não passa totalmente o bastão à nova concessionária. Ao lado dele, durante a entrevista, estava o vice-presidente da Infravix, que tem tocado o dia-a-dia do projeto: Antonio Droghetti Neto. "Migrar toda a parte de tecnologia da informação, de recursos humanos e de contratos representa um trabalho hercúleo. Mas o que pudermos fazer para acelerar, estamos fazendo", completou Antunes.

Nos primeiros três meses de operação, o comando do aeroporto fica com a Infraero e a concessionária acompanha a administração. Nos três meses seguintes, os papéis se invertem: a Inframérica é quem gere o aeroporto, com acompanhamento da estatal. Só depois disso a operação passa a ser inteiramente privada.

Os contratos de aluguel de áreas comerciais com varejistas no aeroporto serão honrados até o final do período. Depois, a renovação será discutida caso a caso, obedecendo ao novo "mix" de lojas que a Inframérica pretende implantar em Brasília. Para saber o que desejam os passageiros, a concessionária concluiu uma pesquisa com dez mil entrevistas.