Título: Estimativas do governo provocam controvérsia
Autor: Zanatta, Mauro
Fonte: Valor Econômico, 06/10/2006, Agronegócios, p. B12

As estimativas oficiais de safras de grãos têm sido alvo de diversas críticas e provocado algumas controvérsias entre instituições públicas nos últimos anos. Especialistas de mercado apontam incorreções e a necessidade de ajustes nos dados e, sobretudo, na metodologia adotada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Um levantamento das seis últimas previsões de safra feito pelo Valor apontam que a Conab ficou próxima da margem de erro de 3 pontos percentuais em apenas duas ocasiões. Nas demais, a empresa errou suas estimativas duas vezes para baixo e outras duas para cima. Na safra 2003/2004, quando não houve nenhuma grande catástrofe na produção, a Conab previu colheita de 126,07 milhões de toneladas, mas os produtores só retiraram da terra 119,11 milhões de toneladas - diferença de 5,52%.

No ciclo seguinte (2004/2005), uma forte e prolongada estiagem afetou as lavouras do Sul do país e da porção oeste do Centro-Oeste. A Conab previa uma safra de 129,88 milhões de toneladas. A colheita chegou, porém, a 113,89 milhões de toneladas. A diferença chegou a 12,3%. Na safra 2002/2003, a estatal previa 107,8 milhões de toneladas, mas foram colhidas 14,2% a mais - 123,16 milhões de toneladas, um recorde até hoje.

Em sua defesa, a Conab afirma que está na margem de erro e tem investido na modernização de seus sistemas para melhorar as previsões. "Ainda temos problema para aferir a safra do Nordeste, que entra nas estatísticas somente em janeiro. Também tínhamos uma diferença na contabilidade do trigo, que é plantado apenas no fim da safra", afirma o gerente de Avaliação de Safras da Conab, Eledon Pereira. A empresa passou a adotar o auxílio de satélites para as visitas a campo e as pesquisas com fornecedores, produtores, cooperativas e bancos.(MZ)