Título: Fundos de pensão estudam investir em infra-estrutura
Autor: Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 01/12/2004, Finaças, p. C3

O setor de transportes será a prioridade dos principais fundos de pensão para os investimentos em infra-estrutura que devem ser feitos em 2005 e nos próximos anos. O segmento desponta como o mais atrativo para as fundações de previdência num estudo encomendado por elas à consultoria Trevisan e é também a principal mira da Petros, que estuda liderar a criação de um fundo setorial para projetos específicos em transportes, a exemplo do que já fez com o setor de energia. "O setor de transportes tem muito potencial e não temos praticamente nada dele em carteira", lembrou o presidente da Petros, Wagner Pinheiro. O diretor de investimentos da Petros, Ricardo Malavazi, disse que a experiência com o Fundo Energia - que já captou R$ 800 milhões - foi tão produtiva que os fundos de pensão estudam montar novos fundos setoriais, para investir em segmentos estratégicos da infra-estrutura no país. Além do setor de transportes, que incluiria projetos ferroviários, rodoviários e portuários, cogita-se a idéia de criar outro para projetos de saneamento. Segundo Malavazi, a idéia é deixar o produto pronto para quando o modelo regulatório dos setores estiver amadurecido. "É mais ou menos isso que está acontecendo com o fundo de energia", explicou Malavazi, que participou ontem de uma reunião da Organização Ibero Americana de Seguridade Social, no Rio. No mesmo encontro, o secretário geral da Funcef, Hilmar de Moraes, apresentou aos fundos locais e estrangeiros presentes alguns resultados de um estudo encomendado à Trevisan sobre a participação das fundações nas Parcerias Público Privadas (PPPs). A conclusão é de que projetos rodoviários, portuários, ferroviários e de irrigação seriam os mais interessantes. "A partir disso, separamos no Plano Plurianual (PPA) os projetos desses setores e vamos agora fazer uma análise de cada um deles, do ponto de vista da rentabilidade e das adequações às nossas necessidades", disse o secretário. São 23 projetos, a maioria no Nordeste e Sudeste, mas há alguns também no Norte e Centro-Oeste. A posição regional deve ter algum peso na decisão, já que a Funcef e a Petros têm como política beneficiar algumas regiões, seja aquelas nas quais estão estabelecidos ou que gerem sinergia para seus investimentos. Assim projetos como os do Porto de Sepetiba e do Arco Rodoviário no Rio são prioridades da Petros. Assim como o projeto da Ferronorte no Alto Araguaia pode ser interessante para a Funcef e a Previ, que têm participação na Brasil Ferrovias. Nesta segunda etapa do estudo, a Trevisan vai pesquisar qual o melhor modelo para os investimentos, que poderão ser feito via fundos, sociedades de propósito específico ou outros veículos. Para iniciar esta fase, também é aguardada a definição da legislação das PPPs. O trabalho da consultoria foi encomendado por cerca de dez dos maiores fundos de pensão do país.