Título: Bolsa segue com viés de alta, mas de olho no euro
Autor: Takar , Téo
Fonte: Valor Econômico, 20/08/2012, Finanaças, p. C2

A Bovespa inicia a semana travada novamente por um vencimento de opções, desta vez sobre ações. Depois da disputa em torno do Ibovespa, na quarta-feira (15), hoje a briga está concentrada nos papéis da Vale e Petrobras. Apesar disso, o viés do mercado é de alta, segundo a análise gráfica. Mas tudo dependerá dos desdobramentos da crise na zona do euro, especialmente após o encontro entre a chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro da Grécia, Antonis Samaras, marcado para sexta (24).

"A expectativa é que Merkel reforce seu discurso da semana passada", afirma o estrategista da SLW Corretora, Pedro Galdi. Ela declarou que a Alemanha fará o que for preciso para manter o euro, discurso em linha com as recentes promessas do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi. Também merecem atenção nesta semana os dados de atividade industrial (PMI) da China, que serão conhecidos na quarta-feira (22) à noite.

O analista técnico da Mycap, homebroker da Icap Brasil Corretora, Raphael Figueredo, acredita que, passada a trava do vencimento, o Ibovespa seguirá em alta, com primeira resistência na linha de 59.600 pontos. "É importante que o volume acompanhe a alta para mostrar força e consistência do movimento". Sua projeção inicial para o índice está nos 61.300 pontos, buscando os 62.700 na sequência. "Para que o viés de alta não se materialize, o Ibovespa teria que perder o suporte de 57.600 pontos. Portanto, há espaço para pequenas realizações, sem comprometer a tendência", resume.

Na sexta-feira, a bolsa brasileira caiu 0,61%, para 59.080 pontos, devolvendo parte dos ganhos do dia anterior, quando subiu mais de 2%, desempenho acima de seus pares globais. Dessa forma, a Bovespa acumulou perda de 0,33% na semana, mas ainda sobe 5,32% em agosto e marca alta de 4,10% em 2012. O volume foi modesto, de R$ 5,680 bilhões.

Vale PNA (-2,81%, para R$ 34,91) exerceu a maior pressão negativa sobre o Ibovespa, influenciada pelo vencimento de opções. Aliás, as ações da mineradora tiveram uma semana difícil, acumulando perda de 7,3%. Reagiram às declarações de executivos da própria companhia, que traçaram um cenário negativo para o terceiro trimestre devido à queda do preço do minério de ferro.

As ações ON da CCR recuaram 4,36%, a R$ 17,75, diante da possibilidade de a empresa perder um quinto de sua receita em 2015. O ministro dos Transportes, Paulo Passos, declarou ao jornal "O Estado de S. Paulo" que o governo não pretende renovar parte das concessões de rodovias feitas no governo de Fernando Henrique Cardoso, o que inclui a Presidente Dutra (BR-116) e a Ponte Rio-Niterói. Outra empresa que pode ser afetada pela medida é a Triunfo Participações (-0,83%, a R$ 9,46). Cerca de 80% do seu tráfego vêm da BR-040 (MG-RJ) e da BR-290 (RS). Já B2W ON (5,98%, a R$ 7,08) liderou os ganhos, corrigindo parte das perdas da semana após o fraco balanço.

Lá fora, as bolsas americanas marcaram novas altas após o dado de confiança do consumidor, que veio melhor que o esperado, e também aos comentários de Angela Merkel. O índice Dow Jones subiu 0,19%, para 13.275 pontos; o Nasdaq avançou 0,46%, para 3.076 pontos; e o S&P 500 andou 0,19%, aos 1.418 pontos.