Título: Josué diz ter recebido convite da presidente
Autor: Valenti , Graziella
Fonte: Valor Econômico, 20/08/2012, Empresas, p. B6

A indicação para o conselho de administração da Petrobras de Josué Gomes da Silva, dono da companhia têxtil Coteminas e filho do ex-vice-presidente José Alencar, já havia sido alvo de queixa de minoritários estrangeiros no fim de 2011 - antes, portanto, da assembleia geral ordinária de março.

Dez fundos europeus e americanos, liderados pelo inglês Foreign & Colony (F&C), que tem mais de 100 bilhões de libras sob administração, enviaram uma carta ao Ministro da Fazenda, Guido Mantega, também presidente do conselho de administração da estatal, apontando queixas a respeito da assembleia que o indicou pela primeira vez.

Essa carta foi encaminhada quando da condução de Josué ao conselho para cobrir o mandato de Fábio Barbosa, que renunciou ao posto. Como se tratava de complementação de mandato, foi o próprio conselho da estatal quem sugeriu o nome do empresário. Mesmo assim, o nome foi submetido à assembleia.

Em entrevista ao Valor em abril, logo após a assembleia de março, Josué comentou o assunto, após falar sobre os rumos da Coteminas. Na época, se disse decepcionado com os minoritários, pois apenas um fundo, na época, o tinha procurado para falar sobre a Petrobras e sua nova função.

"A presidente [Dilma Roussef] me convidou", disse Josué, sobre sua indicação à Petrobras. Mas completou: "Isso, no fim das contas, não faz diferença nenhuma. Todo conselheiro precisa tomar as decisões em prol da companhia. Atuar para todos".

Na carta, os investidores estrangeiros - europeus e americanos - não faziam nenhuma queixa às qualidades e às capacidades profissionais de Josué.

A preocupação dos acionistas de fora do Brasil estava na conduta que envolveu a indicação de Josué, pela falta de informação sobre o contexto político do empresário no material distribuído para a votação, e também pela ausência de explicações de que os minoritários poderiam, eles próprios, indicar um nome. (GV)