Título: Desembolsos do BNDES batem recorde em 2006
Autor: Durão, Vera
Fonte: Valor Econômico, 09/01/2007, Brasil, p. A2

O BNDES desembolsou no ano passado R$ 52,3 bilhões para financiar projetos de investimento, um recorde na história da instituição, 11,3% acima dos R$ 47 bilhões de 2005, mas ainda abaixo do orçamento-teto de R$ 55 bilhões previsto em meados de 2006.

Entre novembro e dezembro, o desembolsou atingiu R$ 10 bilhões, o que permitiu ao banco ficar próximo da meta do ano. O aumento das liberações, em apenas um mês, foi considerado "sazonal" pelo presidente do banco, Demian Fiocca. Houve grande desembolso de recursos para projetos industriais no fim do ano, com destaque para os setores de siderurgia, petroquímica e papel e celulose.

Para Fiocca, o desempenho de 2006 foi melhor do que o previsto. Ele destacou o fato de ter crescido 7% em termos reais, acima do Produto Interno Bruto (PIB) do país (estimado em 2,6%). Ele destacou que o BNDES projetou taxa de investimento de 20,5% do PIB para 2006, também um recorde dos últimos 20 anos. Ernani Torres, superintendente da Secretaria de Assuntos Econômicos do banco, destacou que "o resultado do BNDES ajuda a taxa de investimento a manter a trajetória crescente que começou em 2004".

O orçamento de desembolso do banco para 2007 ainda não foi aprovado, o que deve ocorrer em fevereiro. A expectativa de Fiocca é de desembolso crescente a taxas acima do PIB em 2007, garantidos por aprovações de projetos de investimento da ordem de R$ 74 bilhões no ano passado, que terão recursos liberados pela direção do BNDES este ano.

O desembolso do banco em 2006 foi liderado pelos projetos industriais que receberam R$ 27,1 bilhões ou 52% dos R$ 52,3 bilhões desembolsados -16% a mais que no ano de 2005. O setor de transporte teve liberações de R$ 9,4 bilhões envolvendo empréstimos para automóveis, aviões, ferrovias e embarcações. As indústrias de mecânica e metalurgia contaram com R$ 5,2 bilhões para tocarem grandes projetos.. O setor de papel e celulose levou R$ 2,3 bilhões, com os projetos da Klabin (R$ 1,7 bilhão) e da Bahia Sul (R$ 2,4 bilhões), e química e petroquímica, R$ 2,5 bilhões. Wagner Bittencourt, diretor da área de insumos básicos, diz que neste ano serão liberados recursos para novas plantas nesses setores.

A área de infra-estrutura apresentou queda de 1% nas liberações de recursos em relação a 2005. Foram desembolsados R$ 16,9 bilhões para o segmento em 2006. No setor elétrico, foram desembolsados R$ 3,2 bilhões para projetos de mini-hidrelétricas, que não ultrapassaram os R$ 4 bilhões desembolsados no ano passado para grandes projetos de hidrelétricas. Telecomunicações recebeu R$ 2,1 bilhões do BNDES, ante R$ 1,6 bilhão em 2005. O setor exportador recebeu US$ 6,3 bilhões.

Enquanto as grandes empresas receberam R$ 40,2 bilhões dos recursos liberados pelo banco, as liberações para micros, pequenas e médias indústrias somaram R$ 11,1 bilhões, queda de 5% ante 2005.