Título: UE e Ásia são as maiores ameaças
Autor: Landim, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 10/10/2006, Brasil, p. A3

Se conseguem vislumbrar oportunidades de negócio nos EUA, América Latina e África, os fabricantes de bens de capital também já sabem onde estão as principais ameaças para o setor: União Européia (UE) e Ásia. Com esses mercados, o setor prefere evitar um acordo de livre comércio, já que os riscos não compensam os benefícios.

Segundo o estudo da consultoria Ecostrat a pedido da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), a UE é de longe o maior mercado para o conjunto de produtos selecionados como oportunidades para as exportações brasileiras: US$ 36,8 bilhões anuais. Também não é um mercado protegido. A tarifa média de importação é de 1%.

Embora Alemanha, Itália e França figurem entre os dez principais destinos das exportações brasileiras de máquinas, o Brasil representa apenas 0,3% das importações européias para os produtos selecionados. De janeiro a agosto, o Brasil exportou US$ 382 milhões para a Alemanha, US$ 150 milhões para a Itália, US$ 138 milhões para a França. "É um planeta isolado, que representa um grande desafio técnico para nós", diz Newton de Mello, presidente da Abimaq.

Já os riscos são bem palpáveis. Dos produtos identificados pela Ecostrat como sensíveis, a UE detém pouco mais de 50% das importações do Brasil, apesar das altas tarifas de importação do país. Se obtiver acesso privilegiado ao mercado brasileiro, os produtos europeus têm condições de deslocar outros fornecedores e abalar a produção doméstica, diz a consultoria. "É mais fácil para o setor abrir seu mercado para os EUA do que para a Europa", afirma Mello.

Na Ásia, as oportunidades são praticamente nulas, enquanto os riscos se multiplicam com o crescimento da indústria da China. Japão e Coréia do Sul são os maiores fabricantes de máquinas-ferramentas do mundo, segmento que é a base da indústria automotiva. As empresas desses países estão montando fábricas na China, para aproveitar as vantagens competitivas do país.

O estudo avaliou as oportunidades e ameaças do comércio com o Japão. Foram selecionados 42 produtos como oportunidades de exportação para o Brasil. Desse total, o Japão não cobra tarifa de importação para 41, o que torna eventuais benefícios obtidos por um acordo irrelevantes. O Japão também importou pouco desses produtos: US$ 2 bilhões/ano. O Brasil responde por apenas 0,1%. (RL)