Título: Com a crise, plano de elevar investimento a 24% do PIB foi adiado, afirma Mantega
Autor: Oliveira, Ribamar; Simão, Edna
Fonte: Valor Econômico, 31/08/2012, Brasil, p. A3

Por causa da crise, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, adiou para 2015 ou 2016 - depois, portanto, do mandato da presidente Dilma Rousseff - o prazo para que o governo consiga elevar o nível de investimento para 24% do Produto Interno Bruto (PIB). Essa foi uma das promessas do ministro no início deste governo. Na época, Mantega disse que essa meta seria atingida em 2014.

O discurso agora é outro. Atingir esse nível de formação bruta de capital fixo no prazo antes estipulado, para Mantega, vai ser "muito difícil". "Teremos que postergar isso [a meta] para 2015 ou 2016", revelou o ministro, ontem, durante o anúncio da proposta orçamentária de 2013.

Na sua avaliação, o agravamento da crise internacional vai criar uma defasagem de um ano ou um ano e meio para atingir previsões anteriores. "A crise prejudicou o crescimento e os investimentos em 2011 e 2012", disse.

O valor estimado de investimentos públicos para o próximo ano é de R$ 186,9 bilhões, sendo R$ 110,6 bilhões referentes a desembolsos de empresas estatais e o restante (R$ 76,3 bilhões) de ações do Orçamento da União.

O investimento previsto para as estatais compreende um aumento nominal de apenas 3,3% na comparação com a dotação de 2012. "Se a meta cresceu um pouco menos, ela é mais realista e vai ser realizada", frisou Mantega.

De um total de R$ 110,6 bilhões, apenas os desembolsos da Petrobras somam R$ 89,3 bilhões, sendo R$ 78,8 bilhões para investimento no Brasil e o restante no exterior. Nas companhias do setor financeiro, o governo estima investir R$ 5,8 bilhões, ante R$ 4,6 bilhões.

Ao citar como exemplo a empresa do setor petroleiro, o ministro argumentou que, ao chegar em um determinado patamar de investimento, esse aumento de desembolsos "vai se tornando cada vez mais difícil", por causa de execução de obras e dependência de fornecedores, citou. "Então não é falta de recursos. Não é falta de dinheiro. É muitas vezes a dificuldade de você conseguir realizar obras dessa magnitude", justificou.