Título: Indústria paulista cresce 0,3% em julho, mas deve fechar o ano em queda
Autor: Exman, Fernando; Martins, Daniela
Fonte: Valor Econômico, 31/08/2012, Brasil, p. A4

O Indicador de Nível de Atividade (INA) da indústria de transformação paulista subiu 0,3% em julho, na comparação dessazonalizada com junho. Sem os ajustes sazonais, a produção teve aumento de 3% em julho ante junho, informou ontem a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Em relação a julho de 2011 houve queda de 5,2% no indicador, sem ajuste. No mês anterior, o INA caiu 0,3% com ajuste sazonal, em dado revisado ontem pela Fiesp, ante 0,7% divulgado em julho.

É a segunda vez seguida no ano que a indústria paulista mostra crescimento, em movimento que deve se manter até dezembro. Contudo, a retomada será insuficiente para que o setor chegue ao fim do ano com a produção maior do que em janeiro.

No acumulado em 12 meses encerrados em julho, a atividade industrial teve contração de 4,4%. Entre janeiro e julho, a queda foi de 6,4% ante o mesmo período do ano passado.

A indústria paulista também aumentou a utilização de sua capacidade. Em julho, o nível de utilização da capacidade instalada (Nuci) subiu para 81,3 pontos com ajuste sazonal, ante 80,5 pontos em junho. Em julho do ano passado, o Nuci estava em 82,5 pontos, com ajuste.

Junto com a melhora da atividade, também se elevou a projeção futura do setor. A Fiesp informou que a pesquisa Sensor, que mede a expectativa dos empresários para o mês corrente, mostrou que a confiança dos empresários ficou em 50,5 pontos em agosto, ante 49,6 pontos em julho. Nessa medição, que vai de zero a cem pontos, números abaixo de 50 indicam pessimismo e, acima, otimismo.

Julho também mostrou que a atividade está começando a se recuperar, de acordo com Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas Econômicas da Fiesp, impulsionada pelos setores de mercado e vendas, que passaram de 52,2 pontos em junho para 55,8 pontos em julho e de 47,9 pontos para 55 pontos na mesma comparação, respectivamente. "É um início de retomada. Por outro lado, o movimento é lento, com pouca força", afirmou.

Com o resultado, o INA deve fechar o ano com queda entre 4,4% e 5,5%. A primeira previsão, de contração um pouco menor, está ancorada em crescimento mensal de 0,8% até o fim do ano. "Esse número mostra aumento um pouco mais forte da atividade."

A segunda, por sua vez, ocorre em cenário em que todos os meses a partir de agora vão registrar crescimento com ajuste sazonal igual ao de julho. "O recuo de 5,5% leva em conta um ambiente de recuperação mais lenta."

Seja qual for a queda verificada ao fim do ano, a retomada da atividade industrial no segundo semestre deve impulsionar o crescimento no ano que vem, em função do efeito estatístico "carry over".

"De certa forma, 2012 é um ano perdido, mas que leva a uma expectativa positiva para o ano que vem", disse Francini.