Título: Furlan compara empresário antiLula a torcedor irracional
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 10/10/2006, Política, p. A6

A irracionalidade das torcidas de futebol foi a metáfora encontrada pelo ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, para tentar explicar, em uma coletiva de imprensa, porque os empresários brasileiros apoiaram o candidato Geraldo Alckmin e não à reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva. Furlan, que chegou ontem para uma visita oficial de dois dias a Buenos Aires, (ver matéria na página A3), presenciou a cidade inteira voltada para a partida do clássico Boca X River, que terminou com a vitória do River, contrariando todos os prognósticos dos especialistas em futebol.

Ao ser questionado sobre as preferências do empresariado por Alckmin, respondeu: "Vocês tiveram uma prova aqui no jogo Boca e River. Quando cheguei ontem (à capital argentina), parecia que o Boca tinha um apoio grande, mas no final o buzinaço foi para o River. Então nem sempre as torcidas são racionais, muitas vezes é passional", comparou Furlan. Resumindo, ele disse que não podia entender o comportamento dos empresários, uma vez que o governo Lula, na opinião dele, proporcionou condições extremamente favoráveis aos negócios.

E completou: "Na arrecadação de impostos do Brasil, a que mais cresceu foi a do imposto de renda, que é a tributação sobre os lucros das empresas. E não houve aumento de alíquota, portanto, se cresceu a arrecadação, significa que os lucros cresceram e os balanços estão aí. O mercado de capitais se multiplicou por três, por melhora de resultados das empresas", raciocinou Furlan.

Então os empresários são irracionais? perguntaram os repórteres. "Não", respondeu. "O que eu disse é que as torcidas não são racionais. Há um paradoxo na economia brasileira em que as empresas tiveram uma performance extraordinária, cresceram, aumentaram o índice de investimentos, criaram empregos, aumentaram as exportações, suas ações na bolsa multiplicaram, na média, por três em quatro anos, e em dólares mais que isso e, alguns empresários, que são beneficiários dessa situação positiva têm uma posição contrária ao governo atual". Espremido pelos repórteres a dizer se Lula é River (o vencedor) ou Boca (o perdedor), ele respondeu: River.