Título: Desavenças retardam apoio mútuo entre PT e PMDB paranaenses
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 10/10/2006, Política, p. A7

A apenas 20 dias das eleições, o PT e o PMDB do Paraná ainda não conseguiram chegar a um acordo de apoio mútuo para as candidaturas do presidente Lula e do governador licenciado Roberto Requião. Ontem alguns integrantes do PMDB, entre eles o vice-governador Orlando Pessuti, foram até o comitê de reeleição de Lula para dizer que estão com os petistas. Lá encontraram-se com o presidente do partido no Estado, André Vargas, e com uma das coordenadoras da campanha de Lula no Paraná, Gleisi Hoffmann. Ela foi candidata ao Senado com apoio de Requião e prometeu trabalhar para conseguir a união das duas partes para o segundo turno. "Devemos ter um desfecho favorável dentro de poucos dias", afirmou Gleisi.

Adesivos com os nomes de Lula e Requião foram colocados nas roupas de petistas e pemedebistas e críticas foram feitas tanto a Alckmin como ao adversário do governador, o senador Osmar Dias. Mas há muito trabalho a ser feito até chegar ao convencimento de todo o grupo. "Há pressões de todos os lados. O Requião não pode perder apoios, mas tem gente do PT que quer votar no Lula e no Osmar. É preciso trabalhar tudo isso", disse Jorge Samek, outro coordenador da campanha de Lula no Estado.

O PT e o PMDB estiveram juntos no Paraná nas eleições de 2002. Requião retribuiu o apoio na disputa para a Prefeitura de Curitiba e chegou a licenciar-se do cargo para apoiar o PT, que acabou sendo derrotado pelo PSDB. De uns tempos para cá Requião passou a ser um crítico da gestão de Lula, o que irritou alguns petistas e contribuiu para a decisão de lançar candidato próprio ao governo - o senador Flávio Arns, que teve 9% dos votos.

Enquanto os dois partidos não se entendem, o adversário de Requião decidiu rápido que apoiaria Alckmin e, em troca, ganhou a simpatia do prefeito de Curitiba, o também tucano Beto Richa. Depois conseguiu trazer para seu lado Rubens Bueno, que foi candidato do PPS e fez 8% dos votos. Ontem ele recebeu apoio de Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, e do deputado federal eleito Ratinho Júnior, o segundo mais votado do Estado.