Título: TIM é principal alvo da insegurança dos investidores
Autor: Meibak , Daniela
Fonte: Valor Econômico, 31/08/2012, Empresas, p. B3

Se o cenário endureceu para todas as companhias de telefonia nos últimos meses, e o mercado começou a olhar torto para as ações, a TIM é a que mais sofreu na bolsa, principalmente desde que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) anunciou a proibição de venda de novos chips.

Em 18 de julho, o órgão afirmou que novas adições estavam proibidas. Desde então, a bolsa subiu 4,9%, até ontem, e os papéis preferenciais da Oi, os que possuem maior liquidez, caíram 13,1%; os da TIM recuaram 21,1%. Os ativos da Telefônica Brasil apresentaram o "melhor" desempenho nesse período, com baixa de 9,5%. A decisão durou até o início de agosto.

O motivo mais óbvio para o desempenho é o escopo da decisão da Anatel. A agência não permitiu que a TIM vendesse novas linhas em 18 Estados, mais o Distrito Federal. O número de regiões com vendas proibidas foi bem maior que o das outras operadoras. A Oi foi barrada em cinco Estados, e a Claro, que não tem capital aberto, em três. A Vivo, da Telefônica, não entrou na lista.

Alguns analistas chegaram a considerar a possibilidade de a subsidiária da Telecom Italia sofrer mais porque sua controladora não tem forte presença na América Latina, o que diminuiria seu poder político para negociar com o governo brasileiro. Robin Bienenstock, da Bernstein Research, disse na semana passada que "em um jogo de lobby político a Telecom Italia seria a maior perdedora".

Porém, analistas ouvidos pelo Valor não veem o fato como marcação do governo sobre a TIM. Roger Oey, analista-chefe da BES Securities, diz acreditar que a pressão é maior sobre a operadora porque ela foi a que apresentou maior crescimento desde o ano passado, tornando-se a mais observada. "Isso não quer dizer que a Anatel escolheu um alvo", afirma.

Alex Pardellas, da CGD Securities, concorda. "O fluxo negativo de notícias da empresa teve início já com o anúncio da saída do presidente-executivo da companhia", opina. Luca Luciani renunciou ao cargo no dia 5 de maio. "De lá para cá as ações da empresa têm caído de forma mais acentuada."

Mas a forte queda por conta dessas especulações fez com que os papéis da operadora ficassem mais atrativos. A própria Bernstein Research destacou, no relatório divulgado na semana passada, sua preferência pela TIM sobre a Telefônica. A corretora do Banco Espírito Santo rebaixou o preço-alvo para as ações, para R$ 11, mas manteve sua recomendação de compra. A controladora da Vivo tem avaliação neutra pela casa de análise.

Também na semana passada o Itaú BBA cortou o preço-alvo para os ativos da TIM até R$ 11,50 para o fim do ano que vem, mas reiterou a recomendação de desempenho acima da média do mercado ("outperform"). As receitas menores em longa distância foram citadas como motivo para a redução do preço pelo banco de investimento.

Aparentemente, a TIM é a aposta mais certeira no longo prazo, mas por enquanto algumas corretoras começaram a olhar mais atentamente para os papéis da Oi. Tendo completado no começo do ano sua reestruturação societária, que vinha dificultando o crescimento operacional há algum tempo, a Oi deve começar a apresentar melhores resultados daqui para frente, segundo os analistas.

O diretor financeiro da companhia, Alex Zornig, reafirmou, em conversa com a analista Susana Salaru, do Itaú, sua confiança em alcançar a meta de lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) deste ano, que é de R$ 8,8 bilhões. No primeiro semestre, a empresa registrou R$ 4,15 bilhões no indicador.

A Oi também é a preferida da Ágora Corretora, ao menos no curto prazo. Mas José Francisco Cataldo, analista do setor, faz uma ressalva: no longo prazo, caso consiga realmente aplicar seu plano de investimentos, a TIM vai voltar a crescer fortemente e será a ação mais procurada do mercado de telefonia. (DM e RR)