Título: Justiça determina quebra de sigilo bancário e fiscal de Abel Pereira
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 10/10/2006, Política, p. A7

A Justiça Federal determinou na noite de ontem a quebra do sigilo bancário e fiscal do empresário Abel Pereira. Ele é acusado de intermediar a venda superfaturada de ambulâncias para o Ministério da Saúde durante a gestão do ex-ministro Barjas Negri no governo Fernando Henrique.

A Polícia Federal de Cuiabá (MT) e o Ministério Público Federal também informaram que Freud Godoy, ex-assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, continua sob investigação no inquérito que apura a compra de um dossiê contra candidatos do PSDB.

As provas reunidas até o momento, dizem, não são suficientes para descartar a participação de Godoy na negociação.

Apenas depois de identificar a origem dos reais e dos dólares apreendidos é que a Polícia Federal terá elementos suficientes para incriminar ou inocentar os envolvidos. Por enquanto, a polícia acumula indícios.

O primeiro surgiu no dia 15 de setembro, quando a PF prendeu Gedimar Passos e Valdebran Padilha. Naquele dia, em depoimento ao delegado da PF Edmilson Bruno, Gedimar disse que o pagamento seria feito "a mando de uma pessoa de nome Froude ou Freud", que teria "uma empresa de segurança" no Rio ou em São Paulo.

Um segundo ponto foi a declaração do ex-policial sobre a empresa de segurança. A mulher de Godoy, Simone, tem uma empresa de segurança em São Paulo, a Caso Sistemas de Segurança, que possui vínculos comerciais com o PT.

Por meio da quebra do sigilo telefônico, a PF descobriu uma troca de telefonemas entre Gedimar e Godoy. Em depoimento à PF, o ex-assessor de Lula afirmou que as ligações registradas em agosto serviram para tratar da varredura nos telefones na sede da campanha do PT em Brasília. Gedimar, depois do primeiro depoimento, afirmou que só falaria em juízo.

Outro ponto levado em consideração pela PF é o fato de Godoy ter dito que foi apresentado a Gedimar por Jorge Lorenzetti, também investigado por envolvimento no caso.