Título: PT-SC decide ficar neutro no 2º turno
Autor: Felício, César
Fonte: Valor Econômico, 13/10/2006, Política, p. A6

O PT de Santa Catarina alterou sua estratégia inicial para o segundo turno da eleição no Estado, disputada por Luiz Henrique da Silveira (PMDB) e Esperidião Amin (PP). O partido, que tendia a apoiar Amin, divulgou uma nota oficial na quarta-feira não recomendando voto em nenhum dos candidatos, preferindo pregar posicionamento contra Luiz Henrique Silveira.

"A tarefa central é reeleger o presidente Lula, derrotar o candidato tucano neoliberal e os que o apóiam em Santa Catarina", dizia a nota da executiva do partido. A decisão cancela uma plenária estadual, prevista para sábado, dia 14, e vem um pouco diferente do que queria o partido no início de outubro.

A idéia inicial do PT era obter o apoio formal de Amin para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e em troca, o partido faria campanha para o pepista. Mas sem a definição do apoio do pepista até agora, o PT preferiu se posicionar de forma menos contundente. De acordo com o presidente estadual do PT, Nelson Müller, a posição de Amin, que ainda não disse que fará palanque para Lula, uma condição imposta pelo partido para que viesse a apoiá-lo, "desobriga" o apoio do PT à sua candidatura. "Também não temos certeza se o apoio a Amin poderia somar para Lula", rebate.

As conversações entre Esperidião Amin e PT não estão descartadas, mas até agora não deram certo por dois motivos principais. Primeiro, o próprio Amin está preferindo aguardar para declarar ou não o seu apoio formal a Lula, e poderá inclusive não fazê-lo, uma vez que na sua base de votos pode ter pessoas simpáticas a Geraldo Alckmin e até mesmo ao PFL, antigo parceiro, mas que nesta eleição forma aliança com o PMDB. Do outro lado, nem todos no PT seriam favoráveis ao apoio a Amin, mesmo que José Fritsch viesse defendendo essa posição. Em Itajaí, por exemplo, o próprio prefeito do PT, Volnei Morastoni, já declarou seu apoio a Silveira.

O PT era o partido mais relevante no apoio ao segundo turno, já que Fritsch foi o terceiro mais votado, tendo conseguido 468 mil votos. Antônio Carlos Sontag (PSB), que fez 79 mil votos, declarou no início desta semana apoio a Silveira, assim como Manoel Dias (PDT), quinto colocado, com 30 mil votos.

Amin, que de forma sutil incorporou a cor vermelha à campanha do segundo turno, até agora conseguiu apoio do PL, que era coligado a Fritsch, e tem conseguido fazer com que ao menos alguns prefeitos do PFL não se posicionem nessas eleições, como é o caso do prefeito de Blumenau, João Paulo Kleinübing, que não fez campanha para Luiz Henrique Silveira e não tem declarado seu voto.